O presidente Lula apareceu na TV na noite deste domingo para um balanço de um ano e meio de governo. Em pouco mais de 7 minutos, listou uma série de ações e programas que, na versão oficial, ilustram os avanços do país a partir de primeiro de janeiro de 2023. Teve de tudo. Recuperação do poder de compra, maior Plano Safra da história para a agricultura, abertura de creches e projetos para o meio ambiente.    

Como não poderia deixar de ser, o chefe da nação lembrou o descalabro que herdou do governo passado – sem naturalmente citar Bolsonaro. Lula ressaltou que na gestão de seu antecessor “espalharam armas ao invés de empregos”. Afirmou ainda que programas como o Minha Casa Minha Vida e o Farmácia Popular foram abandonados. Essas duas frentes voltaram depois que o petista assumiu seu terceiro mandato.    

Ao destacar o crescimento do PIB em quase 3%, Lula disse que assumiu um país com inflação em disparada e com a maior taxa de juros do mundo. O presidente disse ter recebido um Brasil com “um rombo bilionário do governo anterior”. Com esse quadro, o desafio a ser enfrentado é de “reconstrução” – que ele garante estar em andamento em todos os setores. Em resumo, disse ter encontrado “um país em ruínas”. 

Obras do novo PAC, como rodovias, ferrovias, institutos federais de educação, portos e aeroportos também foram listadas por Lula. Atento à importância de sinalizar cuidado com as contas públicas, ele mandou mensagem para o mercado: “Não abrirei mão da responsabilidade fiscal”. Não há intenção de produzir gastos acima da capacidade orçamentária. Uma fala que importa a investidores e setores produtivos.       

Mas o pronunciamento do presidente também teve o lado mais político, digamos assim. Nesse sentido, Lula afirmou que o país derrotou a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. “A democracia venceu”, sintetizou sobre o tema. Para ele, o país recuperou o papel de protagonista no panorama internacional. “O Brasil se reencontrou com a civilização”. Uma boa frase de efeito que de fato combina com a realidade que está aí.

Convenhamos: após quatro anos tendo de aguentar o presidente do “acabou, porra”, do cercadinho, da gritaria e das ameaças diárias às instituições, é um tremendo alívio ouvir um chefe de Estado “normal”. Sim, voltamos à normalidade civilizada no comando do país. Falta muita coisa, é óbvio. Mas o lixo que emporcalhava o país ficou para trás.