A televisão de Silvio Santos, mesmo com ele fora de combate, não para de surpreender. Há menos de dois anos, a emissora voltou a apostar no jornalismo. Além dos telejornais do fim de tarde e começo da noite, há o SBT News, que entra na madrugada e amanhece o dia, de segunda a domingo. Nos primeiros meses, começava pontualmente às 2h. Nos últimos tempos, esse horário foi empurrado um pouco mais à frente.

Nessa faixa, na TV aberta, somente o SBT está com um telejornal ao vivo. E foi assim que a emissora marcou um golaço na madrugada desta segunda-feira ao acompanhar o resultado das eleições na Venezuela. Com imagens em tempo real, o apresentador Marcelo Casagrande dá conta do recado, com precisão e sobriedade para amarrar as informações em cima da hora. Nem parece o velho SBT, aquele das pegadinhas infames.

Ao noticiar o resultado das urnas, o telejornal também trouxe entrevistas ao vivo com analistas políticos, além da entrada de correspondentes. Assim como fazem as emissoras por assinatura, o âncora conversa com convidados sem pressa, o que possibilita uma abordagem mais profunda e detalhada dos cenários discutidos. Tudo isso ocorreu com um fato de repercussão mundial e consequências imprevisíveis.

Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato de seis anos. A oposição denuncia fraude eleitoral. O vencedor acusa os adversários de tentarem sabotar o sistema de votação. No SBT, os dois lados apareceram ao vivo. Primeiro Maduro falou para seus eleitores naquele tom messiânico. Misturou pátria, valentia popular, bolivarianismo e cristianismo. Por mais de uma hora, também acusou opositores de “terrorismo”.

A grita da oposição não deve provocar alteração no resultado oficial. Edmundo González, derrotado segundo as urnas, afirmou que a população deveria ir às ruas cobrar a verdade sobre a fraude. A reação mundial, em grande parte, é de contestação da vitória de Maduro. Até o meio desta manhã o governo brasileiro ainda não havia se pronunciado.

Enquanto essa zoada internacional passava na tela do SBT, as demais redes abertas exibiam filmes ou orações evangélicas. A Band acompanhou a eleição até pouco depois de meia-noite, enquanto exibia ao vivo seu tradicional Canal Livre. Mas não voltou com o resultado. No incontrolável SBT o jornalismo bateu a Globo e demais concorrentes.