Pelo que entendi, as mentes por trás da abertura das Olimpíadas em Paris decidiram exaltar a “diversidade”. Para tanto, recorreram ao universo do erotismo carnavalesco – ou alguma coisa por aí. De sexo grupal a Santa Ceia LGBT, o público teve uma mostra do que seria um pensamento avançado. Na imprensa brasileira e nas redes sociais, analistas foram da exaltação à fúria contra a “blasfêmia”. A controvérsia da vez.

Nesses casos, realmente basta ver os títulos das notícias. A essência do que vem em seguida é a mesma de qualquer “polêmica” que desperte os instintos da direita ou da esquerda. “Lacração e desrespeito”, apontam os rapazes preocupados com os padrões da família tradicional. “Liberdade e empoderamento”, proclamam as patotas que tanto lutam por um mundo melhor. O berreiro de lado a lado fica nesse nível.

A disputa de narrativas (desculpem) se dá em dois campos que naturalmente se misturam – às vezes mais, às vezes menos. Há tiroteio e troca de elogios entre influenciadores, famosos, anônimos e subcelebridades. E há o mesmo entre figuras da vida pública e da política. Como disse, em alguns casos essas duas esferas se conectam, o que torna o espetáculo um pouco mais degenerado. É o que temos.

Sinceramente não consegui ler nenhuma reportagem sobre o espetáculo dos jogos. A pegada geral provoca tédio de longe. Na cobertura da TV, a Globo tem direito absoluto no sinal aberto. Primeiro, tem de escapar de Galvão Bueno e sua intragável performance de velhinho descolado. No YouTube, ainda não entendi por que esse fuzuê celebrativo com a tal Cazé TV. Dizem que é linguagem arrojada para os jovens da geração Z!

Na verdade, na cobertura das televisões – seja Globo, Cazé ou qualquer outra – a medalha de ouro tem dono antes mesmo das competições. É a publicidade. As tais polêmicas fabricadas por modernosos mal foram mencionadas nas transmissões. Uma vírgula aqui e outra ali, e mais nada. Prioridade é a festa com o patrocínio milionário.

Aliás, não é por acaso que o Grupo Globo tirou o esporte da categoria Jornalismo. Agora é Entretenimento. Faz sentido. O negócio é “emoção”, cavalinho e adrenalina. Essa visão não é exclusiva da família Marinho. É o que todos os veículos praticam. Notícia pra valer dá muita chateação. A gente quer mesmo é se divertir – à direita e à esquerda.