O PSDB realizou neste sábado sua convenção para a prefeitura de São Paulo. Foi um espetáculo melancólico, à altura da fase decadente em que o partido se meteu nos últimos anos. Candidato a prefeito da capital paulista, o animador de programa policial da Band Luiz Datena se portou como se esperava. Chegou e saiu aos gritos, fazendo acusações contra o atual prefeito Ricardo Nunes. Houve tumulto e pancadaria.

Um grupo de tucanos que contesta a direção partidária pela escolha de Datena foi até a Assembleia Legislativa, local da convenção. Com aval da cúpula, o apresentador disse que o grupo rebelde era bancado pelo prefeito Nunes e pelo “crime organizado”. Sendo ainda mais direto, afirmou que o gestor municipal é aliado de facção criminosa. Ele trata a campanha como show de TV à base de histeria e bizarrices. Nada mais natural.

Como se vê, acusar o adversário de aliança com o crime organizado virou truque de desqualificados que não têm a menor ideia sobre ação política e gestão pública. A onda agora é essa: joga a porcaria no ventilador e posa de xerife da segurança pública. Datena repete o delegado alagoano Thiago Prado, aquele bravateiro que disse conhecer candidato a vereador “faccionado” na eleição de Maceió. Depois, afinou.

Que fase a do PSDB! Como já escrevi neste blog, o partido de FHC, José Serra, Mário Covas e Téo Vilela não merecia um destino desses. É a legenda do Plano Real e da estabilidade econômica do país. E agora jogado nos braços de um brucutu que incentiva violência policial nas periferias. Tudo a ver com a cabeça oca de delegados cujo lema de conduta é “bandido bom é bandido morto”. Desde que sejam pretos e miseráveis.

Ao desferir agressões para todos os lados na convenção paulistana, Datena recebeu o troco dos manifestantes barrados na festa. Levou água no focinho e foi chamado de “arregão” e “golpista”. Filiado ao 11º partido, é a quinta vez que ele sai candidato. Nas outras vezes, desistiu no meio do caminho e voltou à televisão. É uma piada ambulante. Que tudo isso seja patrocinado pelo PSDB mostra uma tragédia na política brasileira.