No texto anterior escrevi sobre os desafios do Brasil para erradicar a fome. O país havia saído desse mapa de calamidade mundial, mas voltou nos anos Temer e Bolsonaro. No primeiro ano do governo Lula, o quadro começou a virar de novo, como atestam números da ONU divulgados nesta quarta-feira 24 de julho. E como anda Alagoas no enfrentamento da extrema pobreza? Descobri que o cenário tem avanços importantes.

Sem ufanismo paroquial, é obrigatório reconhecer que o estado engatou uma série de programas que ajudam a vencer o desafio nacional de superar a miséria e a insegurança alimentar. É o que revelam dados oficiais levantados pela Fundação Getúlio Vargas. Segundo a pesquisa divulgada este mês, Alagoas foi o estado que mais reduziu a pobreza no Nordeste. Em toda a região, 4,8 milhões saíram da pobreza extrema.

Entre os anos de 2021e 2023, 433 mil alagoanos deixaram a pobreza, uma redução de 23% em relação ao triênio anterior. A média de queda em todo o Nordeste foi de 16,5%. Os dados são aferidos a partir da renda per capta das famílias registrada pelo IBGE. A participação do governo federal nesse resultado é decisiva, com as ações de transferência de renda. Em primeiro lugar, claro, está o aumento no Bolsa Família.

Mas o próprio presidente Lula reconhece que, sem os projetos dos governos estaduais, os avanços sociais seriam restritos. Ao contrário da turma que trata programas sociais como “ajuda a preguiçoso”, a atual gestão, nesse caso, faz o certo. Os programas Cartão Cria e o Cartão Escola 10 são dois acertos do governo estadual. Os resultados obtidos até agora contribuem para o estado derrubar os índices de pobreza.

O Cartão Cria beneficia mais de 140 mil famílias. O Escola 10 ajuda financeiramente mais de 130 mil alunos da rede estadual. São iniciativas de transferência de renda – com a importante contrapartida de manter a garotada na sala de aula. Além desses dois programas, uma aposta do governo é o Alagoas sem Fome, um pretensioso projeto lançado no fim de 2023. A meta ambiciosa se baseia em ações de amplo alcance. 

O Alagoas sem Fome se articula com uma rede de 18 instituições que trabalham com assistência às camadas mais vulneráveis. Além de arrecadar e distribuir toneladas de alimentos, há um trabalho de formação profissional, geração de emprego e concessão de crédito para empreendedores sociais. O pacote completo cumpre o que promete.

Não é puro assistencialismo. Assim como o governo federal, os estados devem priorizar programas de transferência de renda que de fato sirvam para transformar a realidade ainda perversa no Brasil. Nessa área, Alagoas parece fazer o dever de casa.