Ciro Gomes é filiado ao PDT, a legenda fundada por Leonel Brizola, um símbolo histórico da esquerda e um dos maiores combatentes em defesa da democracia. O PDT está na base do governo Lula e ocupa o ministério da Previdência Social com Carlos Lupi, presidente nacional da sigla. Pelo que foi e pelo que é hoje em dia, o PDT não combina com a postura de Ciro Gomes, um mitômano que se perdeu em seus próprios erros.

A degradação de Ciro é tão espetacular que suas últimas ações na política foram em alianças com o bolsonarismo. Rodando pelo interior do Ceará, o ex-ministro de Lula e Dilma fecha parcerias com a fina flor do reacionarismo que reverencia Bolsonaro. Nas eleições municipais, Ciro apoia vários candidatos da ultradireita, incluindo filiados ao PL do golpista eterno. É um destino ingrato para quem já pretendeu governar o Brasil.  

Leio na imprensa que o parceiro de candidatos do bolsonarismo está chegando a Maceió na quinta-feira 25/07. Vem a convite do vice-governador Ronaldo Lessa para o lançamento de uma espécie de núcleo de estudos políticos. Não sei o que isso significa, nem faço ideia do alcance desse evento. A oportunidade da visita não parece ser das melhores, diante do cenário de definições de candidaturas e escolhas eleitorais.

Além de integrar o governo estadual, o PDT alagoano está no grupo que vai enfrentar o atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. É a frente que inclui o PT e outras forças aliadas ao presidente Lula. Com esse panorama, será um exotismo e tanto dar palanque às ofensas e baixarias do senhor Ciro Ferreira Gomes contra Lula da Silva. Imagino que não é o que pretendem Ronaldo Lessa e o governador Paulo Dantas. Focinheira no Ciro!

Claro que o elemento pode dizer o que pensa, exercer o senso crítico, essas belezas todas. O problema é que o ex-governador do Ceará é hoje um político envenenado pela mágoa e pelo ressentimento. Demonstra ódio a Lula em três de cada duas frases que profere sobre o governo. Para impor seu delírio de que o país vive um caos, recorre ao mesmo jogo sujo da extrema direita e de Bolsonaro. É um aloprado com má-fé. 

Como Ciro se acha um pensador mais importante do que Sergio Buarque e Gilberto Freyre, talvez se mantenha restrito a explicar as origens sociológicas da identidade nacional. Se partir para teorizar o feminismo, aí não tem pra ninguém. Perigo à vista.