Canadenses, americanos e europeus – essa gente civilizada – dá demonstrações diárias de seu caráter tolerante e de sua mente avançada. Turistas, voltem pra casa! Com a naturalidade de quem ajeita o cachecol para um passeio no parque, a turma do mundo “desenvolvido” prega expulsão dos bárbaros de seu território. O ódio aos “latinos” – designação que alcança os brasileiros – é generalizado nos continentes da elite mundial.

A coisa é antiga, mas explodiu agora sob o pretexto do aperto econômico. Os invasores mais preparados roubam postos de trabalho dos nativos. São uma ameaça à estabilidade social. O caso dos Estados Unidos atravessa décadas. Não por acaso, a imigração sempre esteve no centro do debate político. Donald Trump vocaliza um sentimento que une republicanos e democratas. Não importa o governo, a xenofobia é a regra.

O mais novo ingrediente a melindrar italianos, espanhóis, britânicos e franceses – para citar alguns povos especiais – é o crescimento descontrolado do turismo. Com essa bandeira patriótica nos dentes, mocinhas, rapazes e velhotes saem às ruas para exigir a expulsão sumária dessa gentalha da selva. Nas passeatas pelas ruas sagradas, os manifestantes disparam jatos de água nos selvagens. Virou uma missão coletiva.

Sim, os revoltados estão atacando estrangeiros nas esquinas, nas calçadas, nos boulevards e nos pubs. Os mais educados jogam lixo e cusparadas sobre os penetras que perturbam a higiene física e moral desses países modelares. As atitudes das populações se conectam à postura dos governos. O achincalhe visto em alamedas e nos cartões-postais materializa as políticas oficiais. A causa é prioridade nacional.

A “explosão” do turismo, reitero, é motivação de circunstância. O que há é a representação de genuína intolerância. Em escolas de Portugal, professores discriminam abertamente as criancinhas brazucas. Os casos de agressões físicas a brasileiros são registrados todos os dias. No parlamento sobram projetos para barrar a chegada de novos tipos de origem tropical. A violência é efeito de uma visão dominante. 

Se você tem planos de interagir com essas civilizações milenares, recomenda-se cuidado. E alguma forma de segurança preventiva. Povos especiais são muito sensíveis.