Quando a prática política tenta impor um mundo paralelo à realidade dos fatos, temos isso daí. Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem num palanque eleitoral no Rio de Janeiro. Aconteceu nesta quinta-feira, 18 de julho. Ramagem é o enrolado deputado federal do PL que tocou a Abin paralela a serviço do então presidente e sua família. O esquema monitorou ilegalmente ministros do STF, políticos e servidores da Receita.

Investigação da Polícia Federal revelou que Ramagem usou a estrutura de governo para favorecer Flávio Bolsonaro no caso de rachadinhas. O elemento chegou a gravar uma reunião com o próprio Bolsonaro, o general Augusto Heleno e duas advogadas do filho do ex-presidente. Tudo para interferir numa apuração ao arrepio da lei. É um dos maiores escândalos envolvendo diretamente a Presidência da República. E piora a cada dia.

Quanto ao próprio Bolsonaro, já está indiciado como larápio de joias presenteadas por governos estrangeiros ao Brasil. Afora isso, o capitão da tortura está mais do que encrencado no inquérito que apura a trama golpista que pretendia impedir a posse de Lula. Também responde pela falsificação de cartões de vacina. Apesar de tudo isso, Bolsonaro e Ramagem fazem campanha pela prefeitura do Rio de Janeiro.

E a turma que segue o “mito” se agarrou de vez na versão de que toda a bandalheira é apenas “perseguição política” contra o honrado ex-presidente. Que coisa! Até um dia desses os patriotas exaltavam a honestidade do ídolo e acusavam a corrupção da esquerda. Agora, a tática mudou. Sem medo de ser feliz, aderiram à máxima de Paulo Maluf – é bandido mesmo, e daí? O que importa é a conquista do poder.

Ramagem é um candidato nanico na capital carioca. O prefeito Eduardo Paes caminha para levar a reeleição no primeiro turno. Bolsonaro ficou irritado ao ser gravado pelo serviçal, mas finge que está tudo bem. Porque mais importante nesta altura é ganhar as maiores prefeituras em jogo em 2024, no Rio e em São Paulo. O resto é besteira.

A postura do inelegível desmonta o discurso dos rapazes da ultradireita – como alguns que aprontam por aqui em Alagoas. Sempre foi assim, desde o começo. O que temos agora é a delinquência sem disfarce. Para Bolsonaro e seus súditos que pregavam golpe militar, bandido bom é bandido eleito. A prova está no palanque da foto acima.