O noticiário dos últimos dias trouxe algum refresco para Lula e desassossego para Bolsonaro. Ao menos por agora, as demandas patrióticas do Mercado perderam força sobre a agenda do presidente. As “falas preocupantes” do mandatário sobre gastos públicos sumiram das manchetes. Como se sabe, todo dia, algum especialista em finanças decretava o risco de colapso na economia decorrente de desarranjo fiscal.

O dólar parou de subir. Ou melhor, a última alta deixou de ser culpa de Lula e entrou na conta do atentado a Trump nos Estados Unidos. Os últimos indicadores econômicos mostram crescimento no comércio e no setor de serviços. A inflação manteve patamar abaixo das expectativas terroristas divulgadas por especuladores. Fator decisivo para o ambiente geral, o desemprego segue em queda, com abertura de postos de trabalho.

Depois de fazer o dever de casa na comunicação, com entrevistas em rádios por onde passou em missão oficial, Lula viu a avaliação do governo crescer. Conseguiu estancar uma tendência que aparecia nas pesquisas anteriores. Levantamentos divulgados na semana que passou atestam a recuperação do apoio ao governo e ao governante.       

Já o “mito” se vê cada vez mais assombrado pelo que aprontou nos verões passados. Dois casos sob investigação voltaram à imprensa com novidades que põem Bolsonaro na cena de crimes a granel. Primeiro foi o rolo das joias surrupiadas para serem vendidas no exterior. As digitais do capitão estão evidentes no esquema de 6,8 milhões de reais.

As novidades da rapinagem preciosa ainda estavam brilhando quando vieram revelações sobre a bandalheira da Abin paralela. Gravações e diálogos expõem Bolsonaro numa trama para monitorar ilegalmente ministros do STF, parlamentares, servidores da Receita e jornalistas. Perplexidade geral. É um escândalo de dimensões inéditas no país.

Pai zeloso, Bolsonaro também foi flagrado maquinando interferência nas investigações de rachadinha praticada por seu filho Flávio. Ele se apropriava do salário de assessores quando foi deputado no Rio de Janeiro. É aquele caso do Queiroz – que aliás confirmou tudo lá atrás. Questões processuais fizeram o STF livrar o Zero Um de punição.  

Se o país não escapa da polarização, o polo de Lula saiu das cordas por enquanto. A turma de Bolsonaro anda festejando os tiros em Donald Trump. Sinal de desespero.