A prefeitura de Maceió já recebeu 1 bilhão e 200 milhões de reais da Braskem pelo acordo fechado após a tragédia que atingiu vários bairros da capital alagoana. Faltam dois depósitos para fechar o valor total, que é de 1 bilhão e 700 milhões. As duas parcelas restantes, de 250 milhões de reais cada, estão previstas para 15 de outubro e 15 de dezembro deste ano. Há muita controvérsia sobre os termos do acordo.
A Defensoria Pública de Alagoas batalha em defesa das famílias atingidas. Recorreu à Justiça para obrigar a prefeitura a repassar 250 milhões de reais para o Fundo de Amparo ao Morador, criado pelas vítimas que perderam suas casas. Um desembargador acatou a ação – mas reduziu o valor para 25 milhões de reais. Ocorre que outro integrante do Tribunal de Justiça, horas depois, derrubou a decisão do colega.
Desde julho do ano passado, quando prefeitura e Braskem se acertaram, o tema gera dúvidas e contestações. O repasse bilionário reforça o caixa para o prefeito João Henrique Caldas em pleno ano eleitoral. O gestor explica que o dinheiro está sendo investido em obras pela cidade, além de garantir a legalidade do que foi assinado. Os moradores tragados pela tragédia urbana discordam dessa avaliação oficial.
O tema vai pegar fogo na campanha eleitoral que está para começar. A versão de que a polêmica não “colou” no prefeito é verdade até a página dois. Até agora, JHC fala sozinho em suas redes sociais, sempre passando longe de qualquer confusão. Tudo são obras e realizações para seus seguidores. Tudo acaba em “curtidas”.
Quando a propaganda eleitoral estiver no ar, aí sim a coisa ganha outra dimensão. JHC terá de explicar os detalhes do acordo com a Braskem – a empresa notoriamente criminosa nesse caso. O que se passou em Maceió é considerado o maior desastre ambiental em área urbana de nossa história. E as grandes vítimas de tudo isso?
A equação é simples para os adversários do prefeito que tenta a reeleição: como é que a prefeitura recebe uma bolada de 1,7 bilhão de reais, e milhares de vítimas não veem um tostão dessa dinheirama? A pergunta é apenas uma dentre várias sobre as quais o município até hoje não deu resposta convincente, a não ser peças de marketing.
O prefeito está se preparando. Os marqueteiros do candidato JHC sabem que terão de ser bem mais criativos – e eficazes – para enfrentar assunto tão pesado.