Rápidos no gatilho, é claro que patriotas da turma de Bolsonaro iriam explorar o atentado a Donald Trump. O ex-presidente brasileiro prestou solidariedade “ao maior líder mundial no momento”. E terminou a mensagem no X assim: “Nos vemos na posse”. O capitão já dá o ídolo como eleito e calcula que não estará na cadeia, portanto apto a viajar aos Estados Unidos no caso de vitória do candidato republicano.

Os filhos de Bolsonaro foram mais descarados na exploração política do fato, fazendo comparações com a facada que o então candidato levou na campanha brasileira de 2018. Escreveu o senador Flávio: “A esquerda é assim no mundo inteiro! Sempre tentando resolver as coisas na bala ou na faca! Acabaram de eleger o próximo presidente dos EUA! Alguma semelhança?”. Eduardo também correu para se manifestar.

“O jogo do poder é cruel e sei o que seus familiares podem sentir agora. Mas se Deus quiser as informações a seguir serão de alívio”, postou o filho Zero Três. Sentindo o cheiro do oportunismo, a ex-primeira-dama entrou no oba-oba. Escreveu a presidente do PL Mulher: “Nossa solidariedade a Donald Trump. Esse é o modus operacional dos nossos adversários. Que Deus restabeleça sua saúde e o livre de todo mal”.   

Outros representantes da ultradireita, agora todos pacifistas, registraram apoio a Trump. Foi o caso do senador Sergio Moro, um defensor de licença para matar às polícias. O mesmo fez Tarcísio de Freitas, o governador que exalta a matança policial nas periferias de São Paulo. Carla Zambelli, a deputada que, com revólver em punho, perseguiu um negro pelas ruas, se disse “consternada”. É a ilustração da pilantragem política.

Claro que não faltaram os alagoanos da turma truculenta posando de defensores da paz. Naturalmente o mais enfático foi o deputado Fábio Costa, que não faz outra coisa a não ser burilar factoides no campo da segurança pública para faturar politicamente. “Tentaram matar Donald Trump”, postou o gigante do baixo clero da Câmara Federal.  

Sim, como a facada caiu do céu para Bolsonaro em 2018, os tiros na Pensilvânia dão uma força para Trump. São seus próprios súditos no Brasil que dizem isso. Após a facada, o capitão da tortura fugiu de todos os debates sob a capa de vítima. Agora, com o caso americano, o ex-presidente brasileiro e seus aliados tentam tirar vantagem. 

O noticiário dos últimos dias foi de pancadaria para o mito. As investigações da Polícia Federal carimbam em Bolsonaro a tarja de larápio de joias que pertenciam ao patrimônio público. E, em outra frente, a PF escancarou o esquema de monitoramento clandestino tocado pela Abin paralela, a mando do ex-presidente. Desviar de assunto é tudo.