O PT vai disputar a prefeitura de Maceió com Ricardo Barbosa. Ao menos é isso o que está valendo até agora. Faço a ressalva porque todo dia essa candidatura é posta em dúvida em análises de colegas da imprensa que conhecem melhor do que eu os bastidores da política. É fato que o MDB tentou – ou ainda tenta – atrair o PT para entrar como vice da candidatura do deputado federal Rafael Brito. Alas do petismo descartam.

O último lance de Barbosa para afirmar que é candidato pra valer foi aparecer ao lado de Guilherme Boulos com a seguinte mensagem: é o nome do presidente Lula na disputa pelo comando da capital. Se isso se confirmar, a tarefa do petista é mais do que ingrata – é praticamente uma missão impossível. Uma convergência de fatores sinaliza para o favoritismo do prefeito João Henrique Caldas, como indicam as pesquisas.

Com o apoio do governador Paulo Dantas e dos senadores Renan Calheiros e Renan Filho, Brito acredita numa virada do quadro atual. Quando a campanha começar de verdade, JHC será confrontado com alguns temas pesados, como o insólito acordo com a Braskem. Do lato do PT, a aposta no fator Lula está mais no campo do desejo do que numa real hipótese de transferência de votos pelo padrinho presidente da República.

O histórico do partido em Alagoas joga contra a candidatura petista. Desde a fundação da legenda, há mais de 40 anos, somente uma vez uma eleição para prefeitura de Maceió pareceu realidade. Foi no longínquo ano de 1996, quando Heloísa Helena perdeu para Kátia Born no segundo turno por uma diferença inferior a 5 mil votos. Kátia Born ganhou com 50,99% dos votos contra 49,01% de sua adversária. Antes e depois, nada.

Em 2000, Paulão chegou em terceiro com 17%. Em 2008, foi a vez de Judson Cabral representar o partido na corrida. Ficou em segundo lugar com 10%. Cícero Almeida foi reeleito com incríveis 81% do eleitorado. Em 2016, Paulão volta a concorrer sem qualquer chance de avanço. Terminou em quarto lugar com 2,44%. Quatro anos atrás o mesmo Ricardo Barbosa foi candidato e obteve 2,33%, ficando em sétimo lugar.

Desempenho idêntico o PT mostrou ao longo das eleições para o governo estadual. O petismo teve candidatura própria em 1990, em 2002 e em 2006. Nas três ocasiões, Antônio Moura, Judson Cabral e Lenilda Lima tiveram votações típicas de legendas nanicas. Embora a política não seja uma ciência exata, os índices eleitorais no currículo do PT alagoano representam uma barreira virtualmente intransponível.

Se confirmada, esta será a terceira candidatura de Ricardo Barbosa a prefeito de Maceió. Antes de se filiar ao PT, disputou o cargo pelo PSTU e saiu com 1,15% do eleitorado. Foi lá em 2004, duas décadas atrás. O tempo voa mesmo! Mas isso já é outra história.