O vereador de Maceió Leonardo Dias não gosta de ser associado com a extrema direita. Ao menos publicamente ele já negou essa filiação. Ele gosta de se apresentar como um legítimo “conservador”, um elemento da direita. Vale o mesmo para o deputado Fábio Costa, para citar outro gigante da “nova política”. Repetem a postura de gente como Eduardo Bolsonaro e Jorginho Melo, governador de Santa Catarina.
São nomes aleatórios. Poderia citar ainda o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Na imprensa, os notórios Augusto Nunes e Alexandre Garcia também se dizem inofensivos cidadãos no campo da direita democrática. Ninguém é extremista. O problema em todos esses casos é a distância entre o autoconceito, os métodos de atuação e as ideias reproduzidas. Não há como negar o inegável.
Na última década, a extrema direita arrombou o armário e saiu com tudo, babando ódio contra tudo o que está aí. Entenda-se por “tudo” itens como conquistas sociais, defesa das minorias e direitos iguais entre homens e mulheres. Bolsonaro sintetiza os “princípios” morais da turma. Votou pelo impeachment de Dilma Rousseff “em memória do pavor” da presidente. Uma homenagem a um torturador feita no parlamento.
Do outro lado do mundo, a ascensão de Donald Trump representa o auge do movimento dessa extrema direita que – somente no trololó – tenta negar seu nome. Armas para todo mundo, defesa de milícias e militarização das escolas estão entre os “avanços” pregados pelos que rezam na cartilha da ideologia desses senhores. Os arautos do movimento vendem essas posições como “moderadas”. Imagine o que seria radicalismo.
Com a sensatez da direita que não quer ser chamada de extrema, os ideólogos pregam o negacionismo climático. Políticas para preservar o meio ambiente são ideias de comunistas. Bom mesmo é o agronegócio e a mineração à beira de rios e por cima de reservas indígenas. Quilombolas, como diria Bolsonaro, não trabalham e pesam arrobas de tanta preguiça. Boa versão sobre o que pensam sobre direitos humanos.
Neste fim de semana, o Brasil sediou um encontro conservador com a presença de Milei, o equilibrado presidente argentino. Dias antes, um guru canadense dessa galera, Jordan Peterson, fez uma série de palestras que mais pareciam um culto para uma seita. E agora mesmo, boa parte da França comemora o resultado de uma eleição que evitou uma tomada de poder pela extrema direita de lá. Por isso radicais fingem moderação.
Fato é que a esquerda não tem esse dilema. Chamar Lula, o governo ou o PT de “extrema esquerda” é fantasia. Os bolsonaristas fazem isso para pregar a seus convertidos. Agora, os dados objetivos da realidade provam que, para combater a esquerda hoje, a extrema direita, antes, matou a direita. Ou se você preferir, a ultradireita bate na esquerda. Mas, para isso, já eliminou os conservadores. Um quadro visto no Brasil e mundo afora.