A Polícia Federal indicia Jair Bolsonaro no inquérito sobre o roubo de joias presenteadas ao governo brasileiro. O caso em que o “mito” é suspeito de agir como um larápio de colares, relógios e outras peças de ouro é apenas uma das encrencas que ele enfrenta na esfera criminal. Há ainda investigações sobre a falsificação de cartões de vacina e a tentativa de golpe de Estado. As três situações minam os planos políticos do acusado.

A única alegação de defesa esboçada pelo ex-presidente é a fantasia de “perseguição política”. Foi o que fizeram seus aliados, incluindo os filhos, ao se manifestarem nas redes sociais após a notícia do indiciamento pela PF. Os inquéritos tocados pelo STF deixam Bolsonaro com a corda no pescoço, sem muito a fazer diante da gravidade dos fatos. Uma condenação ainda este ano é dada como certa. A cadeia entra no radar.

Se der a lógica, Bolsonaro tomba em várias frentes. O discurso de honestidade – uma lenda desde sempre – perde boa parte do apelo retórico que ele emprega até hoje na discurseira para seus súditos. Diante do quadro, há gente de sua turma que torcia para uma prisão preventiva, antes de julgamento. Porque assim a vitimização ficaria com base, digamos, mais sólida. Acusar “prisão política” seria o apelo a se agarrar.  

Mas Alexandre de Moraes, pelo STF, não caiu nessa armadilha. Embora num ritmo mais lento do que seria o esperado, a atuação comedida dos investigadores mede cada ação para fechar o cerco contra o agora indiciado. Carimbado como criminoso – num episódio com tintas de comportamento rasteiro –, o inelegível fica menor no jogo político. Não pega nada bem para um Tarcísio de Freitas, um Caiado e outros fingir que tá tudo bem.

O tempo joga contra o ex-presidente. Até um dia desses, era o contrário. Com o cenário embaçado no andamento das investigações, incluindo as delações de Mauro Cid, Bolsonaro chegou a se assanhar até em atos com cara de campanha eleitoral. Nessas ocasiões, teve apoio de Malafaia, Ricardo Nunes e de nomes como os já citados Tarcísio e Caiado. Não há por que acreditar na resiliência desse teatro do bolsonarismo.

A decisão da PF sobre a ladroagem de joias que eram presentes para o país abre um novo capítulo no panorama das articulações políticas – para este ano e, sobretudo, para 2026. Bolsonaro acusou o golpe, assim como sua cachorrada mais fiel. Resta a previsível histeria pelas redes, com argumentos precários, além da velha tentativa de desviar os holofotes para o outro lado, qualquer que seja ele. Nada que reduza o estrago sem volta.