No calor da disputa eleitoral, sobram exotismos de todos os modos. O fanfarrão aspirante a vereador dá entrevista e diz que há candidatos financiados pelo crime organizado. Quem são eles? Quem deve responder é o delegado Thiago Prado, ele próprio um dos que tentam vaga na Câmara Municipal. Em entrevista ao jornalista Wyderlan Araújo, no Canhão Podcast, o valentão jogou a “bomba” e saiu correndo.

Cobrado a explicar sua declaração, o rapaz informa que não cabe a ele nominar os virtuais candidatos apoiados pela bandidagem. Nas palavras de Prado: “Já tivemos conhecimento que existe facção que está incentivando uma candidatura de determinada pessoa que talvez tenha esse braço, essa relação criminosa”. Em seguida, ele afirma que não pode dizer o nome, “mas há esse rumor”. A presepada não ficar por aí.

Ouvido pela Tribuna Independente, Prado deu uma nova informação igualmente nebulosa. Para explicar de onde tirou a certeza de que há candidato bancado por facção criminosa, o xerifão se saiu com esta trivial revelação: “Possuo uma grande rede de informantes e colaboradores”. Peraí! O servidor público que atua na segurança pública estadual é candidato a vereador com uma “rede de informantes” a seu serviço?!  

Quem são essas pessoas que integram a tropa de Thiago Prado? Suponho, com lógica elementar, que essa “rede” não se formou agora. A figura do “informante”, como todo mundo deve saber, é realidade nas investigações policiais. Geralmente são infiltrados em algum tipo de grupo criminoso que conseguem informações privilegiadas para os investigadores. As declarações do delegado são de fato muito graves.

Mas o que torna tudo isso muito suspeito não é o chute de que haveria pré-candidato a serviço de facção criminosa. É o fato de a conversa partir de um delegado da Polícia Civil – que ainda por cima diz se valer de uma “rede de informantes”. Vem cá, meu rapaz, essa turma a que você se refere são informantes da polícia? Ou você tem uma “rede” particular? Realmente, é muita bizarrice e pouca clareza nas palavras e nas intenções.

Com uma inocência comovente, o delegado – que faz política há vários anos – diz que jogou “um alerta”. E ainda se mete a cobrar que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral investiguem o caso que ele “denuncia”. Sendo assim, o primeiro passo numa eventual investigação seria a convocação de Thiago Prado. Para começar a esclarecer a suspeita, ele teria de dizer às autoridades de onde saiu sua privilegiada informação. 

É o que dá quando a política se torna várzea pra quem pensa com o calibre da pistola.