O deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Maceió, Rafael Brito (MDB), não tem conseguido decolar nas pesquisas eleitorais (pelo menos até aqui) para forçar um segundo turno na disputa contra o atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), pelo Executivo municipal da capital alagoana. Pode ser que este cenário mude? Sim, pois pesquisa é retrato de momento.

Há espaço para Rafael Brito crescer eleitoralmente em Maceió, desde que consiga se tornar mais conhecido, ter uma identidade própria para além do apoio dos “caciques” emedebistas, o senador Renan Calheiros e o ministro dos Transportes, Renan Filho, e conseguir êxito no confronto direto com o gestor municipal, seja por meio dos guias eleitorais que virão ou nos debates que ocorrerão durante o pleito.

Brito precisa – urgentemente – alcançar dois dígitos nas pesquisas para se mostrar viável, caso contrário começará a ser visto apenas como um candidato posto pelo MDB para demarcar terreno em um xadrez político que mira – para além das eleições de agora – em 2026.


A mais recente análise que o parlamentar fez com base em dados da pesquisa espontânea do Paraná Pesquisas, em que fala que é grande o número de indecisos, é um discurso para a plateia. O próprio Rafael Brito sabe, no íntimo, que não há lógica alguma nesse argumento.


O deputado federal do MDB tem a plena consciência da árdua missão que caiu em seu colo. Assim como sabe muito bem que, se fizer uma boa campanha, ainda que perca o pleito se consolida para a sua reeleição á Câmara dos Deputados. Todavia, se sair enfraquecido pode não só lidar com a derrota de agora, mas com problemas no futuro.

É o que ocorreu – por exemplo – com o senador Rodrigo Cunha (Podemos), cujos danos da campanha para o governo do Estado, quando foi derrotado, ecoam até hoje em sua trajetória política, ao ponto dele avaliar a possibilidade de ser vice de JHC em vez de se manter o foco na reeleição ao Senado Federal.

Dentre os desafios que Rafael Brito vai enfrentar, está o fato de ser menos conhecido – na capital alagoana – que JHC, em que pese ter uma biografia marcada pelo fato de ter sido secretário estadual antes de assumir o mandato em Brasília. Sobre esse desafio ainda pensam questões internas com as quais lidam o seu bloco político. Por exemplo, o fato de não ter o PT ao seu lado dificulta a estratégia de tentar polarizar a eleição.

Entre os “palacianos” – bloco de apoio ao governo de Paulo Dantas (MDB) – ainda há quem tente unir PT e MDB, mas, com base nas circunstâncias atuais, é muito difícil que isto ocorra. Não ter o PT, além de não poder contar com a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), que é visto como um grande transferidor de votos, é também ter menos tempo de televisão para explorar a imagem de Brito.

Nas redes sociais, como já disse em outro texto neste blog, Rafael Brito tem ajustado o discurso: de um lado reforça às críticas à atual gestão; do outro, busca recuperar sua biografia política mostrando uma ligação com a capital alagoana. O deputado federal mostra uma boa retórica, se posiciona de forma convincente, mas isso ainda é muito pouco.

Em um vídeo, postado pelo jornalista Edivaldo Júnior (em seu blog na Gazetaweb), Rafael Brito diz que espera JHC para os debates. O parlamentar afirma – em outras palavras – que a arena da disputa retórica pode lhe render resultados positivos, pois confrontaria o prefeito com a sua própria gestão (que tem sim pontos negativos, mas também possui os positivos). Brito se posiciona para uma plateia ali presente de forma enfática. Todavia, como é visível, Rafael Brito falou para uma claque, o que serve de ensaio, mas não é “valendo”.

E por qual razão, diante de tudo isso, Brito precisa construir uma identidade que vá além do MDB? Ora, é só busca os resultados históricos do hegemônico ninho emedebista alagoano quando o assunto é Maceió. Até mesmo o senador eleito Renan Filho, que contava com todo o favoritismo da época, saiu derrotado na capital. O seu concorrente, o ex-deputado estadual Davi Davino Filho (Progressistas), obteve mais de 58% dos votos para o Senado Federal em Maceió. Na capital, Renan Filho teve 39,26%, em que pese ter se saído o vitorioso com 59,92%.

O atual deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) disputou a Prefeitura de Maceió pelo MDB e foi derrotado. Em tempos mais distantes, o mesmo ocorreu com o ex-deputado federal Cícero Almeida (que atualmente se encontra no PDT). 

Claro que os fatores de derrota não se resumem apenas ao MDB, mas este histórico pode dizer muito a Rafael Brito sobre a diferença entre a construção de uma identidade e estar na sombra do calheirismo. Estar no MDB também pode ser um desafio para ele, ainda que o senador Renan Calheiros seja o cacique dos caciques em razão da hegemonia de seu partido no restante do Estado.

Quem também sabe muito sobre a “sombra do calheirismo” é o governador Paulo Dantas (MDB). Não por acaso, o chefe do Executivo estadual tem um partido para chamar de seu: o PSB. Afinal, Dantas quer futuro político, assim como seus colegas "assembleianos legislativos", mas isso é papo para uma outra postagem…