Era só o que faltava – e agora não falta mais. Lula começa a ser comparado com o atual presidente americano, Joe Biden, no quesito idade. O tema já vinha sendo citado aqui e ali, mas escalou alguns degraus após duas colunas na Folha de S. Paulo. Ruy Castro e Marcos Augusto Gonçalves abordaram o tema num intervalo de 24 horas. É preciso deixar claro que nenhum dos dois jornalistas recorre ao chamado etarismo contra Lula.

Mas vejo que, pela esquerda, os comentários de ambos foram recebidos como “ataques” ao presidente da República. Não me parece que tenha sido essa a intenção nos dois casos. De todo modo, as abordagens sobre a idade avançada do petista deixam margem para que essa via de embate seja explorada no jogo da política. O vale-tudo não tem qualquer zelo com o nível dos métodos na guerra eleitoral. Lula é o Biden de amanhã.

Esta é mais ou menos a tese nos artigos citados. E é a ideia de muita gente que já começa a espalhar uma suposta decadência física do chefe do Executivo brasileiro. Já existem as “análises” sobre as últimas aparições de Lula e suas declarações. O cara não dá o menor sinal de qualquer dificuldade em sua rotina. Ao contrário. Nos eventos em que participa, quase diariamente, se mostra a todo vapor física e mentalmente.

Sem outro indicador de fragilidade, os “analistas” citam a voz rouca do presidente. Afora isso, alguns tentam pescar alguma declaração que mostre suposta confusão ou falta de lógica. Mas os exemplos são claramente falsificações que mal conseguem disfarçar a manipulação dos fatos. Mas vejam que, do nada, Bolsonaro apareceu falando que “o filho do sistema não está em suas condições mentais normais”.    

O ex-presidente fez essa declaração no X. Sem citar o nome de Lula, é evidente que temos aí uma espécie de teste, um primeiro tiro. Trata-se sem dúvida de forçar a barra fazendo aquela comparação dos articulistas entre o brasileiro e o americano que sofre para viabilizar a candidatura contra Trump. Isto sim é etarismo na veia.

Lula chegará a 2026 com 80 anos de idade. Mantendo-se na forma atual, estará apto para a disputa da reeleição. Pelo que começa a se desenhar na oposição pela faixa da ultradireita, etarismo será um de seus “adversários”. Isso me lembra dos novinhos da nova política, aquela turma que veio transformar a vida pública brasileira.

A maioria veio embalada nas ideias mais reacionárias nos dias de hoje, com harmonização de focinhos, mas fertilizadas no obscurantismo de Bolsonaro. Aliás, em Alagoas, dois “jovens” estão aí tramando um grande futuro para Maceió. JHC e Rodrigo Cunha estão longe do velhinho Lula. Joviais, abraçaram o capitão da tortura.