Os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça e Fábio Costa se elegeram com discurso de combate à violência. Os dois têm conhecimento de causa. O primeiro fez parte do Ministério Público Estadual, chegando ao topo da instituição como procurador-geral de Justiça. Fortaleceu sua imagem no enfrentamento ao crime quando exerceu o cargo de secretário de Segurança Pública na gestão do governador Renan Filho. 

Já Fábio Costa é delegado de carreira, com não muito tempo no exercício dessa função. Logo cedo largou a dureza dos inquéritos e partiu para a política. Eleito vereador em 2020 na onda da truculência bolsonarista, avançou ao parlamento federal nas eleições de 2022. Ele migrou do PSB para o Progressitas, num movimento natural dado seu reacionarismo de alto calibre. No mandato, tem reiterado o atraso do bolsonarismo. 

Apesar das diferenças no pragmatismo das disputas políticas, Mendonça e Costa correm na mesma faixa de eleitorado. Nas eleições 2024, outro delegado de pensamento semelhante ao da dupla tenta uma cadeira de vereador em Maceió. É Thiago Prado, que também decidiu jogar pra lá o tédio das investigações. A delegada Ana Luiza Nogueira é mais um nome na disputa para a Câmara da capital. Que onda é esta?

Está dito. É a onda que surfa a pauta da segurança, do combate à violência e ao crime organizado. Assim pode-se resumir este tema de todas as campanhas. Não discuto aqui os nomes citados, seus méritos e ideias. Estou pensando sobre esse fenômeno como agenda de candidatos nas eleições de hoje, de ontem e da pré-história. A “insegurança” aparece como atração fatal para candidatos em qualquer tempo ou lugar.

O desalentador nesse panorama é a proliferação de aventureiros a defender ideias ineficazes, com histrionismo e hipocrisia. Para esses mercadores de ilusão, tudo está sempre à beira do caos, a bandidagem dominou geral, sua família vai morrer a qualquer hora nas mãos de uma quadrilha. E vai nessa toada. Não importa a realidade, os xerifões da política estão sempre a apontar que a morte bate à sua porta. O pânico produz votos. 

Nesta quarta-feira, o governo estadual anunciou redução nos índices de crimes violentos – como homicídio, latrocínio e feminicídio. Para os candidatos “especialistas em segurança”, porém, nada muda. Continuarão a gritar a “explosão da criminalidade”. Claro! É assim que eles querem pescar o voto do eleitor um pouco desatento. 

É uma tremenda dose de demagogia se apresentar como o salvador da pátria na área de segurança. E a gente vê isso desde a invenção do voto em papiro nas eleições do camelo mais bonito. O assunto é sério, mas, no labafero generalizado, acaba sequestrado pelos baixos interesses de arrivistas, oportunistas e candidatos a qualquer coisa.