Foram registrados 17 abalos este ano; somente no mês de junho foram quatro em Arapiraca

A quantidade de tremores de terra em Arapiraca volta a chamar a atenção dos meios acadêmico e científico. O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) detectou seis abalos sísmicos de janeiro a junho dese ano.

Somente no mês de junho foram contabilizados quatro abalos de terra. O primeiro deles no dia 11, com magnitude 1.7 na Escala Richter; o segundo no dia 12, om magnitude 1.9 na Escala Richter; e o terceiro tremor de terra no dia 19.

O mais recente ocorreu no dia 27 de junho, às 15h39 a uma profundidade de 11 quilômetros e com magnitude de 1.8 na Escala Richter.

A Região Agreste lidera a quantidade de tremores de terra no estado de Alagoas, que registrou 17 abalos sísmicos de janeiro a maio deste ano. Com os seis novos abalos em Arapiraca, o estado já soma 23 tremores de terra em 2024.

O coordenador do LabSis, professor Aderson Nascimento, explica que diversas falhas sismogênicas, que causam os eventos sísmicos, estão em um mapeamento em diversos estados do Nordeste.

“O evento sísmico é uma forma de a Terra responder a um acúmulo de energia”, comentou Nascimento em entrevista à imprensa.

Desde o ano passado que a Tribuna vem acompanhando os estudos do LabSis, e até o mês de junho de 2024 foram registrados 63 tremores de terra no Agreste alagoano.

O município de Feira Grande lidera o ranking com 48 abalos sísmicos. Depois vem Craíbas e Arapiraca.

A Tribuna já ouviu os acadêmicos do curso de Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Sandro Maciel, William Almeida e Marcos Araújo sobre os abalos sísmicos em Arapiraca, Craíbas e Feira Grande.

O grupo de universitários desenvolve pesquisas sobre tremores de terra no Agreste, mais precisamente nos municípios de Arapiraca e Craíbas.
Eles relatam que, segundo o Mapa Geológico do Serviço Geológico do Brasil, existem falhas e zonas de cisalhamento em toda a região, e que resultam em deslocamento e acomodação das rochas abaixo da superfície.

O estudo “Geologia e Recursos Minerais do Estado de Alagoas”, publicado em 2017, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a origem da Bacia Sergipe-Alagoas está relacionada diretamente a fragmentação do Gondwana, na grande depressão que se propagou de sul para norte com a abertura do Atlântico Sul.

Em Craíbas, moradores atribuem rachaduras a explosões em minas

O estudo “Geologia e Recursos Minerais do Estado de Alagoas” revela ainda que, de modo geral, a Bacia Sergipe-Alagoas subdivide-se em blocos ou compartimentos tectônicos, limitados por grandes falhas. O rifte da bacia, em escala regional, está localizado sob grandes blocos antitéticos basculados e limitados por falhas sintéticas normais, compatível com modelos evolutivos que assumem movimentos predominantemente distensivos durante a gênese do rifteamento, que afetou esta entidade tectônica (Van der Vem, 1987; Lana, 1990).

Na área rural de Craíbas, dezenas de casas apresentam rachaduras em sua estrutura. As famílias atribuem as falhas às explosões periódicas na Mineradora Vale Verde. A empresa nega a vinculação de suas atividades com as rachaduras nas residências.

A Defensoria Pública da União (DPU) em Alagoas e o Ministério Público Federal acionaram a empresa e solicitaram a contratação de uma universidade para a realização de estudos técnicos, mas até o presente momento o estudo não foi colocado em prática.

Pesquisadores da Universidade Estadual de Alagoas defendem a instalação de uma estação sismológica em Arapiraca, pois, segundo eles, o equipamento é fundamental para o aprimoramento da compreensão dos abalos sísmicos que vêm ocorrendo na região.