Na tarde desta terça-feira, no Recife, o presidente Lula entrega casas do programa Minha Casa Minha Vida. Além do programa habitacional, o governo federal também celebra a inauguração de unidades de saúde com atendimento estendido na capital pernambucana. Na solenidade estavam presentes o prefeito da capital pernambucana, João Campos, do PSB, e a governadora do estado Raquel Lyra, do PSDB.  

No evento, com a participação de vários ministros, os gestores locais foram exaltados pela parceria com o governo Lula. No caso de Campos, nada mais natural que assim seja. Mas a mesma deferência recebeu a governadora, uma tucana que vive sendo afagada pelo presidente. Em abril, Lyra exonerou do governo indicados do PL após turbulência com a bancada da legenda na Assembleia Legislativa.

Enquanto as vozes do mercado anunciam o apocalipse com a alta do dólar, Lula faz política. A viagem a Pernambuco não é ato isolado. Nos últimos dias, o presidente cumpre vasta agenda em estados do Nordeste, com anúncios de investimento e inaugurações em diferentes áreas – educação, saúde e habitação, entre outras. Em todas essas atividades, aliados saúdam “o melhor presidente da história do Brasil”. 

A tabelinha com Raquel Lyra (foto) é uma boa mostra da estratégia de Lula para costurar apoios em duas frentes: fortalecer a governabilidade e pavimentar o caminho para 2026. Depois de escantear o PL, a expectativa é que a governadora convide o PT para integrar sua gestão. Seria o gesto definitivo para uma aliança nas eleições de governador e presidente daqui a dois anos. Lyra pode estar com um pé fora do PSDB.

A investida de Lula pelo país – com obras, investimentos e alianças – contrasta com a cobertura da grande imprensa sobre os rumos do governo. Nos editoriais dos três jornalões, o país está mergulhado no caos, na desordem e num terremoto econômico. Tudo bem. Imprensa é para criticar mesmo, tem que bater, tem que cobrar. Jornalismo chapa branca é tudo, menos jornalismo. Mas brigar com fatos não é saudável.

Ao que parece, Lula aposta nos indicadores sociais e econômicos do governo para seguir a trilha da política. Conta também com o potencial de criar novos programas. Nessas viagens pelo país, ele dá entrevistas a emissoras de rádio regionais, de olho no público local. As declarações, é claro, acabam tendo repercussão nacional. As pesquisas mostram o apoio ao governo e a popularidade do presidente em taxas médias.

Mais adiante veremos o que terá predominado. Se o fim do mundo pregado pelas vozes do mercado e setores da imprensa, ou a estratégia de Lula. Essas duas linhas estão claramente traçadas desde os primeiros meses da gestão do petista. O jogo está aberto.