O inverno chegou e é comum que o número de casos de doenças respiratórias aumente neste período. Embora toda a população sofra com elas, os idosos fazem parte de um grupo ainda mais delicado, já que estão mais propensos ao surgimento ou mesmo à piora do quadro de doenças respiratórias, quando elas vêm associadas à maior prevalência de problemas crônicos, como os cardíacos, os diabéticos e aqueles acometidos por enfisema pulmonar e por bronquite.

As crianças, principalmente até os quatro anos de idade, também fazem parto do grupo de risco, já que nessa fase o sistema imunológico delas ainda está em desenvolvimento.

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) que provoca infecções nas vias respiratórias e pulmões, causando bronquiolite, principalmente em recém-nascidos e crianças pequenas, tem crescido no Brasil. Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) tem registrado aumento nas internações pela doença.

Ao CadaMinuto, o pneumologista Márcio Henrique Filho explicou o que é o VCR e quais os seus sintomas, tratamento e fatores de risco. O médico também alertou sobre o momento de procurar ajuda e falou sobre que diferencia o VCR da Influenza.  

Confira a entrevista:

O que é o vírus sincicial respiratório?

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um patógeno viral altamente contagioso. É uma das principais causas de infecções respiratórias em crianças pequenas, especialmente em menores de dois anos, mas também pode infectar adultos e idosos. O VSR é particularmente conhecido por causar bronquiolite e pneumonia em lactentes (recém-nascidos) e crianças pequenas.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão do VSR ocorre principalmente por meio de contato direto com secreções respiratórias de uma pessoa infectada, como saliva, secreção nasal ou gotículas  de aerossol expelidas durante a tosse ou espirro. Além disso, o vírus pode sobreviver em superfícies como mesas, maçanetas e brinquedos por várias horas, facilitando a transmissão indireta quando alguém toca essas superfícies contaminadas e depois toca o rosto, especialmente boca, nariz ou olhos.

Há fatores de risco para o VSR, quais?

Sim, vários fatores aumentam o risco de infecção pelo VSR e de desenvolvimento de formas graves da doença:. Idade: crianças menores de dois anos, especialmente lactentes com menos de seis meses; Prematuridade: bebês prematuros têm sistemas imunológicos e pulmões subdesenvolvidos; Condições pulmonares crônicas; Doenças cardíacas congênitas; Imunossupressão: pacientes com sistemas imunológicos debilitados devido a doenças ou tratamentos médicos.

Quais os sintomas de infecção pelo VSR?

Os sintomas de infecção pelo VSR variam de leves a graves. Os leves apresentam coriza, febre baixa, tosse leve, dor de garganta e congestão nasal. Já nos moderados a graves os sintomas são severa, dificuldade para respirar, respiração rápida ou ofegante, cianose (coloração azulada da pele devido à falta de oxigênio), apneia (pausas na respiração), chiado e retração das costelas durante a respiração.

 

O pneumologista Márcio Henrique Filho / Foto: Arquivo pessoal

 

Qual o tratamento para o VSR?

Atualmente, não há um tratamento antiviral específico para o VSR. O manejo da infecção é principalmente de suporte, visando aliviar os sintomas e melhorar a oxigenação. As abordagens incluem: manter o paciente bem hidratado; oxigenoterapia, para pacientes com dificuldade respiratória; medicamentos antitérmicos e analgésicos, como paracetamol para reduzir a febre e o desconforto; hospitalização, nos casos graves, pode ser necessária para monitoramento e tratamento intensivo.

Como as pessoas podem se prevenir?

A prevenção da infecção pelo VSR inclui várias medidas:

  • Higiene das mãos: lavar frequentemente as mãos com água e sabão.
  • Evitar o contato próximo: manter distância de pessoas infectadas.
  • Higiene de superfícies: limpar e desinfetar superfícies frequentemente tocadas.
  • Evitar tocar o rosto: principalmente olhos, nariz e boca.
  • Vacinas e anticorpos monoclonais: palivizumabe é um anticorpo monoclonal que pode ser administrado a bebês de alto risco para prevenir infecções graves.

 Em que momento as pessoas devem procurar ajuda médica?

Deve-se procurar ajuda médica quando uma pessoa infectada pelo VSR, especialmente crianças pequenas, apresenta dificuldade significativa para respirar, respiração muito rápida ou apneia, coloração azulada na pele, lábios ou unhas, desidratação (menos fraldas molhadas, boca seca, ausência de lágrimas ao chorar) e febre alta persistente ou que não responde a medicamentos comuns.

Qual a diferença entre o VSR e a Influenza?

Embora ambos sejam vírus respiratórios, o VSR e a Influenza têm diferenças significativas:

Em relação aos sintomas, a Influenza geralmente causa febre alta, dores musculares, dor de cabeça, fadiga intensa e sintomas respiratórios. Já o VSR tende a causar mais sintomas respiratórios, como bronquiolite e pneumonia, especialmente em crianças.

 Outra diferença é que o VSR afeta principalmente crianças pequenas, enquanto a Influenza pode causar surtos sazonais em todas as faixas etárias, com maior gravidade em idosos e pessoas com comorbidades.

A vacinação também é um ponto não comum aos dois vírus. Há vacinas disponíveis para prevenir a Influenza, mas ainda não há uma vacina amplamente disponível para o VSR, embora pesquisas estejam em andamento.