A três meses da eleição, o prefeito de Maceió está mais feliz do que pinto no lixo, como diria Jamelão. O influencer de Jaraguá enfiou o pé na jaca e atropela a lei eleitoral na maior tranquilidade. Ao som dos maiores cachês da atual música brasileira, ele se exibe nos camarins de Luan Santana, Safadão, Gustavo Lima e outros de mesmo padrão cultural. Em várias noites, João Henrique Caldas sobe ao palco e dá uma de dançarino.

Foi o que ele fez, por exemplo, durante o show de Belo, esse monstro da arte musical. Diante da multidão, o pagodeiro elogia a talento do prefeito nos passinhos de samba. Está tudo nas redes sociais de JHC. Numa prova de que não economizou com os cofres públicos, a prefeitura bancou a vinda de Leo Dias, o inclassificável “jornalista” do Fofocalizando (SBT), para divulgar o evento. Dessa “imprensa” o prefeito gosta.

Do alto de sua credibilidade jornalística, Leo Dias escreveu o seguinte em seu portal: “O maior São João do litoral brasileiro já começou, e toda a alegria é concentrada em Maceió, Alagoas. O prefeito do município, João Henrique Caldas, conversou com o portal Leo Dias e detalhou a festa”. Na entrevista, o candidato à reeleição garante que “Maceió vai ganhar 400 milhões de reais com a festa”. É conta do reino da fantasia.

O discurso sobre os “investimentos” é uma forma de se esquivar das críticas pelos custos milionários para uma folia de autopromoção. Do que foi divulgado, a gastança passa dos 20 milhões de reais – boa parte com os cachês indecentes. A estripulia do prefeito está em reportagem especial no UOL, que mostra essa prática disseminada pelo país inteiro.

A realização de showmício era evento infalível nas campanhas eleitorais brasileiras. Isso está proibido desde 2006. Mas, na prática, a lei não vale para os prefeitos no exercício do mandato. Em ano de eleição, o carnaval e as festas juninas se transformam em verdadeiros espetáculos de propaganda política. É um crime a céu aberto, sem punição.

Em várias partes do país, aguerridos promotores do Ministério Público tentam ações contra essa calamidade. Não sei a quantas anda a disposição do MP aqui por Alagoas diante do frevo e do forró do prefeito JHC. Afinal de contas não é possível achar que tudo isso não interfere na corrida eleitoral. É uma vantagem escancarada.

A propósito, além dos cachês milionários para as atrações no palco, alguém sabe quanto custou a divulgação do evento feita pelo “jornalismo” com a grife de Leo Dias?