Esbravejar sobre o “caos na segurança pública” é discurseira de oportunistas em temporada eleitoral. De José Luiz Datena a Fábio Costa, o script segue à risca os mesmos bordões turbinados na vigarice e na tática do terrorismo com a população. Os números da violência em Alagoas, por exemplo, registram curva de queda nos últimos anos, segundo dados oficiais do Ministério da Justiça. Um avanço facilmente verificável.

Mas para carreiristas da política, danem-se as estatísticas. Agora mesmo leio que o deputado federal que fez política como delegado “denuncia” onda de violência no estado. Fábio Costa se elegeu vereador com essa conversa delinquente e, no baixo clero da Câmara, segue na toada. Bolsonarista que prega tiro, porrada e bomba na periferia tenta posar de paladino do combate ao crime. É tudo tão velho que dá até canseira.

Em São Paulo, Datena ensaia de novo uma candidatura, desta vez a prefeito da maior capital do país. Para se vender ao eleitorado, “renova” o palavreado de enfrentar a bandidagem que tomou conta da cidade. Segurança pública é com o estado, mas ele finge que pode se meter na área. E qual a grande proposta para isso? Armar a Guarda Municipal e detonar em operações que miram pretos e pobres.

Quando um delegado adepto de modos truculentos se arvora a dar receitas para a segurança, já sabemos o que vem em seguida. Como diria Sergio Moro, outro farsante da política, “se o bandido tem metralhadora, precisamos de bazuca”. É um gênio! Essa mentalidade é coisa dos tempos de um coronel Amaral e assemelhados. É a filosofia do “bandido bom é bandido morto”. Advinha quem são os alvos dessa turma.

Pressionado pela disputa do voto, Ricardo Nunes, que tenta a reeleição à prefeitura paulistana, disse que bandido “vai tomar na testa” de sua Guarda Municipal. Wilson Witzel, o governador que levou impeachment no Rio de Janeiro, falava em “tiro na cabecinha” do criminoso. Tudo muito adequado para a histeria nos programas policialescos de TV. É com essa gentalha que temos de conviver na política brasileira.

Além de picaretagem eleitoral, é um desastre para o país estar submetido a tais ideias. Pense bem: desde quando você escuta um xerifão vomitando “soluções” desse nível para enfrentar a violência? É por essas e outras que não dá para ter muita fé no futuro. Eu fico pensando se esses elementos acreditam no que dizem. Ou se agem assim para trapacear se valendo do pânico que eles inventam. Seja o que for, é pura demagogia.