A mais recente pesquisa do Instituto Paraná Pesquisa, publicada no blog da jornalista Vanessa Alencar, aponta várias possibilidades de cenário na disputa pela Prefeitura de Maceió. O retrato momentâneo (pois pesquisa é a fotografia do agora), querendo ou não, acaba por mostrar também o impacto de uma possível ruptura entre o prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), e o deputado federal Arthur Lira (Progressistas), na disputa pelo Executivo da capital alagoana.
Pelos números apresentados pela Paraná Pesquisa, a reflexão é seguinte: ainda que os nomes que mais possam ser competitivos – na briga contra a possível reeleição de JHC – estejam alinhados com Arthur Lira, o impacto de uma ruptura no processo eleitoral é mínimo, o que pode deixar o atual prefeito ainda mais confortável para decidir quem será o seu vice na chapa encabeçada por ele mesmo.
O primeiro cenário é praticamente impossível de se concretizar, pois traz a candidatura de JHC, do deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e do ex-deputado estadual Davi Davino Filho (Progressistas), além do deputado federal Rafael Brito (MDB), Lobão (Solidariedade) e Ricardo Barbosa (PT). Ora, ainda que haja uma ruptura entre Lira e JHC (o que não acredito que ocorra), dificilmente Lira terá duas candidaturas postas: a de Mendonça e a de Davino.
Em todo caso, neste cenário JHC tem – conforme o Paraná Pesquisas – 54,4% das intenções de votos. Alfredo Gaspar surge com 14,9%. Davi Davino Filho fica com 11,8%. Rafael Brito alcança 3,8%, Lobão fica com 2,2% e Ricardo Barbosa é o último com 0,9%. O número de eleitores que não responderam soma 5,3% e 6,8% dos entrevistados afirmaram que não votariam em nenhum dos nomes postos.
No segundo e no terceiro cenário, aparecem Alfredo Gaspar ou Davi Davino como candidatos.
Apenas com Davi Davino na disputa, JHC passaria a ter 62,4%. Davino teria 15,7%. Rafael Brito fica com 5,1%. Lobão surge com 2,5% e Ricardo Barbosa teria 1,2%. 7,4% dos entrevistados afirmam que não votam em nenhum dos nomes postos.
Com Alfredo Gaspar apenas, JHC se mantém líder com 59,4%. Gaspar de Mendonça fica com 19%. Rafael Brito tem 4,1% e Lobão teria 3,4%. Por fim, Ricardo Barbosa segue na última posição com 1,2%. O número de eleitores que não responderam é 5,3%. Os que afirmam não votar em nenhum dos postulantes soma 7,6%.
O cenário mais provável é o sem ruptura com Lira, na minha visão. E aí, JHC lidera com 69,9%. Rafael Brito melhora, mas não alcança os dois dígitos: 7,1%. Lobão tem 4,1%. Ricardo Barbosa soma 3,1% das intenções de votos. O número de eleitores que não responderam é 6,2%. Já os que não votariam em nenhum dos candidatos soma 9,7%.
Ou seja: para a eleição de agora, a saída de Arthur Lira do grupo, podendo fomentar nova candidatura à Prefeitura de Maceió, tem pouco impacto. Porém, não se trata apenas da eleição de agora, caso JHC pense de fato em disputar o governo estadual ou o Senado Federal em 2026. Afinal, a eleição estadual vindoura começa a ser costurada agora.
Outra reflexão que a pesquisa traz é sobre a dificuldade do MDB consolidar a candidatura de Rafael Brito. Em nenhum dos cenários expostos Brito consegue alcançar os dois dígitos. Como se não bastasse, ainda enfrenta um líder de pesquisa que possui uma rejeição baixa. JHC tem 14,7% de rejeição contra 16,8% de Rafael Brito. Ainda que o primeiro seja mais conhecido que o segundo, o que é um ponto positivo para Brito – neste caso – pois teria espaço para crescer, o emedebista não conseguiu fazer isto até o presente momento, mesmo tendo elevado o tom da crítica.
O MDB não consegue se firmar como oposição ao ponto das principais ameaças a JHC estarem dentro do seu próprio grupo político. Isso faz com que o principal adversário de JHC seja ele mesmo.
Declaração
No mais, JHC – por meio de sua assessoria de imprensa – comentou a pesquisa para o blog da jornalista Vanessa Alencar. Diz o prefeito o seguinte: “Os números mostram que nosso trabalho está dando resultados, que as pessoas compreendem o esforço que estamos fazendo para que Maceió seja uma cidade com mais oportunidades para todos. O momento é de focar na gestão e trabalhar. As eleições têm seu tempo e em breve vamos debater sobre o processo”.
Bem, os números mostram que ele – nesse momento – tem a preferência do eleitorado e – numa eleição de tiro curto – isso faz toda a diferença, ainda mais quando se conta com uma oposição tão pífia, o que não quer dizer que sua gestão não tenha problemas e pontos que merecem de fato ser explorados na busca por melhores explicações por parte do prefeito.
Mas, a oposição não teve habilidade para construir tais questionamentos de forma efetiva ao ponto de desgastar o prefeito. Falta estratégia e credibilidade dos porta-vozes escolhidos até então...
No mais, essa declaração de que “as eleições têm seu tempo e em breve vamos debater sobre o processo” é de uma hipocrisia sem tamanho por parte do chefe do Executivo municipal. Traduzindo: conversa para boi dormir.
Qualquer um que entenda como o xadrez funciona sabe que JHC tem discutido e muito eleições nos bastidores, mas evitando os holofotes com as declarações protocolares, como é de praxe. Afinal, assim coloca tudo em “banho-maria” para definir, lá na frente, quem será o seu vice e não dando qualquer espaço para reações adversas.
Desta forma, JHC fez até recentes afagos – em suas redes sociais – a Arthur Lira, quando começou a repercutir a possibilidade do senador Rodrigo Cunha (Podemos) ser o vice.
O prefeito está sabendo tocar o seu bloco do “eu sozinho”, enquanto seus aliados – com algum potencial de serem rivais incômodos (ainda que diminuto) – sonham com a vaga de vice já se projetando prefeito em 2026.
O prefeito se vê em situação tão cômoda que até exonerou Ivan Carvalho, o seu coringa!