Uma combinação do calendário esfria os debates que tomaram conta do Congresso Nacional nas últimas semanas. O principal assunto que agitou o país já foi jogado para o próximo semestre. Acossado pelo barulho das ruas, Arthur Lira tirou de pauta o PL do estupro. A questão sobre posse de maconha, em análise no STF, também fica para depois no parlamento. O Legislativo agiu para se impor à eventual decisão do Supremo.

Ao longo de toda esta semana, deputados e senadores estão num recesso extraoficial, sob as bênçãos das festas de São João. O comando das duas casas libera seus membros a participarem do forró em suas bases eleitorais. Ainda que algum desavisado decida abrir os trabalhos, as sessões estarão vazias e, portanto, sem condições para apreciar qualquer projeto. Esse exotismo se consolidou por força da tradição festeira.

A verdade é que, por falar em bases eleitorais, os congressistas já estão embalados em suas campanhas nas disputas pelas prefeituras em todo o país. Após o fim deste recesso junino, a partir da semana que vem serão mais alguns dias até o recesso pra valer – que começa em 17 de julho. Aí a pausa será oficial, como previsto no calendário legislativo. Será uma fase decisiva para fechar alianças e encaminhar as convenções partidárias.

Apesar das especulações, cada vez mais em ritmo frenético, na maioria das capitais ainda não há definição sobre chapas completas para prefeito e vice. Uma das exceções é São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, cedeu ao rolo compressor de Bolsonaro e aceitou goela abaixo o nome para vice. Será Ricardo Mello Araújo, filiado ao PL, um truculento coronel reformado da PM. No currículo, a fama de matador da Rota.

Por aqui, os dois principais nomes postos na disputa ainda não formalizaram o vice. Rafael Brito, do MDB, anda às voltas com negociações com o PT, entre idas e vindas. Já o prefeito JHC cisca pra lá e pra cá ao redor do senador Rodrigo Cunha. A Veja cravou que a parada já estava resolvida, o que provocou tremendo barulho em nossa imprensa, mas as partes mantêm o suspense. A coisa deve sair após os dias de milho e fogueira.

Seja como for, a campanha ganha novo embalo com a pausa no Legislativo. Tempo para conversas mais intensas e corpo a corpo, não apenas na capital, mas nos demais redutos de maior densidade eleitoral. Caso vá a Portugal para o evento de Gilmar Mendes, a partir do dia 26, Arthur Lira dá um refresco a sua tropa em Alagoas. Ele está convidado, mas não confirmou presença ainda. Fora isso, as articulações avançam.