As placas tectônicas da economia global se movem com o tempo. A emergência da era da plutocracia digital deu ao mundo várias novas profissões. Entre estas, sem dúvida, a mais disseminada é a de influenciador. É uma atividade transversal, digamos assim, porque depende de outros segmentos e, ao mesmo tempo, atravessa todos os velhos ramos de negócio. O influencer só existe em função de outro nicho de trabalho e renda.

O influencer ataca no campo do turismo, vendendo roteiros, pousadas e hotéis. Aliás, nesse caso específico, a coisa chegou a tal nível que há estabelecimentos que já cancelaram as parcerias com esses novos profissionais. Hoteleiros logo perceberam que a relação entre custo e benefício não compensa o investimento. Por uma postagem sem graça, influenciadores exigiam as melhores suítes em hospedagem sem nada pagar.

Em tão pouco tempo, o mercado já está saturado. Mas, claro, todo dia aparecem novos desinibidos para exercer a função. Os influenciadores atuam nos mercados de baladas, de gastronomia, da moda, de carros, de eventos (públicos e privados), de cinema, de livros, de cosméticos. Também estão nos setores de imobiliário, de floricultura, de música, de advocacia, de pets, de odontologia, de estética, de artesanato, de religião.

Sim, um médico influencer é uma dessas bizarrices que explicam os novos tempos e seus abismos. Pessoas estão morrendo por causa desse fenômeno. E isso é suficiente para entender que nossa reverência pelo irracional ignora limites. Já era. Perde-se a vida por uma receita que promete uma nova vida. Também escolhemos a morte do pensamento ao seguir as receitas de gurus espirituais, os influenciadores do além.

Claro que há os milhões de seguidores dos influencers do universo sentimental – os que vendem as fábulas do romantismo ou as de interações grupais. A trapaça contempla o arco de todas as preferências. Nasce um otário todo dia, sentenciou o filósofo. Definitivamente, a economia da influência, pela via digital, veio para dominar o mundo.

Considerar que apenas os influenciadores de jogos, apostas e rifas são os únicos golpistas nesse mercadão é uma injustiça com as meninas do tigrinho. Nos últimos dias, a polícia alagoana mirou essa turma e apreendeu carrões, joias, iate e dinheiro. 

Mas nenhuma operação policial alcançaria o infinito esquema que está em todos os ambientes dominados pela cultura influencer. Não é apenas uma mudança de hábitos. É uma revolução. O jogo sujo também é transversal, está em todas as modalidades.