João Henrique Caldas, o influencer de Jaraguá, é alvo da malvadeza de inimigos na corrida eleitoral para a prefeitura de Maceió. Esta é a fábula posta para rodar pelo bunker do prefeito da capital. Posa de vítima, demoniza rivais e retira o foco dos problemas de sua gestão. A tática aparece em sites e redes sociais controladas pelo núcleo intelectual de JHC. É tudo bem planejado. Vamos chamar de Gabinete da Ternura.

Até agora, o principal nome na área como pré-candidato de oposição a JHC é o deputado federal Rafael Brito (foto). Logo, é ele o terrível vilão que causa sofrimento ao sensível herdeiro dos Caldas. Dado curioso é que as “acusações” contra o parlamentar são baseadas em suas supostas intenções sobre a futura campanha. Ele critica a gestão na prefeitura. Daqui a pouco o prefeito vai pedir medida protetiva e preventiva.  

É uma artimanha tão rudimentar quanto previsível. De todo modo, JHC parece revelar uma prematura ação de autodefesa – e tenta colar no outro as práticas de sua própria conduta. A memória ajuda a clarear as coisas. Bom exemplo de como ele se comporta numa disputa eleitoral é a campanha de 2020. Para bater no adversário Alfredo Gaspar de Mendonça, hoje deputado federal, o delicado JHC recorreu à anatomia do rival.

Como se viu naquela eleição, o requinte de JHC vem do berço. Daí porque agora ele faz chegar ao público sua insatisfação com os “futuros ataques” que já o incomodam. Que doideira! A tática é meio forçada porque Rafael Brito – o cruel pintado pelo Gabinete da Ternura – não se encaixa na moldura. E não sou eu quem digo. É a realidade objetiva. Não há nada em sua trajetória que o aproxime de baixarias e truculência.

O mesmo não se pode dizer do influencer de Jaraguá. Basta ver, reitero, suas campanhas anteriores. É pelo passado que podemos fazer previsões para o futuro – e não o contrário. Não estou aqui tratando das qualidades dos postulantes à prefeitura de Maceió. Estou investigando ideias que vejo na praça. Como não conheço bastidores e não frequento gabinetes da política alagoana, escrevo a partir do que vem a público. 

E por falar em modos violentos de fazer política, Rafael Brito e JHC podem ser avaliados a partir de suas posturas diante do episódio mais grave do país nas últimas décadas. Integrante da CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o deputado escolheu o lado certo da História. Foi incisivo durante os depoimentos, condenou a ação de criminosos que tentaram o golpe e defendeu, sem hesitações, o valor da democracia.

Enquanto isso, o prefeito está ao lado de Bolsonaro, o grande articulador de atos que pretendiam impedir a posse do presidente eleito nas urnas. O mesmo Bolsonaro que celebra torturador, homenageia miliciano e prega o extermínio nas periferias. Entre outras qualidades. Sobre o 8 de janeiro incentivado por seu líder, JHC se encolheu no silêncio da cumplicidade. Uma escolha a contemplar a desonra.