A menos de quatro meses para as eleições municipais, o assassinato do empresário Adriano Farias leva tensão à região de Junqueiro, no agreste alagoano. Segundo o CM, a vítima tinha 32 anos e negociava terrenos. O crime tem as características de execução sumária. Ele foi morto dentro do próprio carro, perto de sua residência. Ao menos dez tiros teriam sido disparados. Ainda é cedo para se especular se houve motivação política.
Numa rede social, o jovem postava críticas à atual gestão do município. Um de seus últimos vídeos foi sobre o saque a uma carga após um acidente com uma carreta. No vídeo, um homem que aparece saqueando as mercadorias foi identificado como chefe de gabinete da prefeitura de Junqueiro. O atual prefeito do município é Leandro Silva.
Junqueiro é reduto da família Pereira, que estende seus domínios a outras cidades vizinhas, como Teotônio Vilela e Campo Alegre. Mas na eleição de 2020, a família Silva derrotou o poderoso clã. Em 2022, num sinal de avanço político, André Silva, irmão do prefeito, se elegeu deputado estadual. Este ano, as famílias devem se enfrentar de novo.
Na sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira, assim que soube do crime, o deputado Fernando Pereira, também de Junqueiro, cobrou da Secretaria de Segurança que escale delegados especiais para apurar o crime. Em seu pronunciamento, o parlamentar chegou a levantar a hipótese de motivações políticas para o assassinato.
Após interromper a supremacia dos Pereira em Junqueiro, os Silva também fizeram movimentos para avançar sobre os outros redutos dos adversários, caso de Campo Alegre e Teotônio Vilela. Esta é talvez a maior novidade ocorrida na política pelo interior alagoano. A disputa com os Pereira envolve nomes de peso no jogo eleitoral.
Como disse, é prematuro para qualquer especulação. Mas não resta dúvida de que o crime torna mais tenso o clima eleitoral. Sabemos que no interior do Estado ainda surgem disputas perigosamente perto de métodos consagrados no passado. Não à toa, Alagoas coleciona episódios trágicos que fizeram nossa fama como terra da pistolagem.
O governo estadual deve atuar com a devida agilidade, mas sem açodamento, para esclarecer os fatos o mais breve possível. A sombra de crime político está posta diante do modo como a vítima foi assassinada. Que a devida investigação apure tudo.