Infelizmente a história de Alagoas, inclusive a recente, mostra que a polícia alagoana não tem vocação para apurar homicídios de motivação política. 

Se for confirmado que o trucidamento do empresário Adriano Farias, de Junqueiro, foi mesmo decorrente da sua atividade crítica contra o poder local, não dá para esperar que se chegue aos mandantes (se houver).

Coloco tudo na condicional, até porque os fatos ainda não se evidenciaram, apesar das suspeitas de que houve, sim, um crime de pistolagem com objetivo político.

Uma comissão de delegados resolve?

 Só para lembrar, a morte de Silvio Viana foi “apurada” por uma comissão de delegados que terminou sendo comandada pelo ex-coronel Cavalcante, então principal suspeito, que o tempo se encarregou de apresentar como o algoz do servidor público – pago que foi para isso, segundo o próprio.

Mais recentemente, o assassinato, em plena luz do dia, do vereador Neguinho Boiadeiro, em Batalha, foi “investigado” por uma comissão de delegados, e até hoje, quase sete anos depois, o inquérito dorme nas gavetas das autoridades policiais.

Esse caso, em particular, deveria ter virado uma questão de honra para o governador Paulo Dantas, até porque a família da vítima – uma parte, pelo menos – o responsabilizou.

Ele preferiu o esquecimento.

Que pena!

Mas vamos lá: não é só a polícia alagoana que não tem vocação para esse tipo de investigação - apesar de ter competência profissional, o buraco é sempre mais em cima.

As polícias estaduais no Brasil, de forma geral, sofrem do mesmo problema. Basta ver o caso Marielle Franco, que só chegou a uma conclusão séria depois que a Polícia Federal assumiu.

É verdade que a PF em Alagoas parece não ter muito entusiasmo com os casos e crimes cometidos – de toda espécie – por amigos do poder local, mas ainda assim me parece o melhor caminho.

É uma pena, mas não nos esqueçamos que um crime recente, em Estrela de Alagoas, teve “motivação política”, de acordo com os próprios delegados. 

Mas o que se sabe é que não houve suicídio - também nesse caso.

Tomara que a PC prove que eu estou equivocado.