O influencer João Henrique Caldas é o único prefeito do PL entre todas as capitais brasileiras. Não que JHC seja um convicto quadro do partido. Muito longe disso. Ele se filiou à legenda entre o primeiro e o segundo turnos de 2022, largando o PSB pelo qual se elegeu, para se engajar na campanha de Bolsonaro. Trata-se, portanto, de um bolsonarista tardio. Mas é o que o PL conseguiu no Nordeste.
Devidamente compatível às ideias do líder Jair, e mais ainda do presidente do PL, o insuspeito Valdemar Costa Neto, JHC tem papel relevante nos planos da turma. Reportagem da Folha informa que a tropa de choque do capitão da tortura tem como prioridade a ampliação no Nordeste. Como se sabe, a região odiada por Eduardo Bolsonaro – amigo de JHC – foi decisiva para a vitória de Lula.
Os patriotas do golpismo jogam tudo para conquistar prefeituras na disputa que vem aí. O alvo imediato é agora, mas o principal mesmo é 2026. Vencer nas capitais, segundo o raciocínio, servirá para fortalecer o PL pelos lados de cá. Com isso, esperam, a disputa presidencial teria mais chances entre os nordestinos. Algumas apostas não são muito animadoras, como Gilson Machado no Recife, ex-ministro de Bolsonaro.
A luta ingrata do bolsonarismo na capital pernambucana é com o atual prefeito João Campos, do PSB. Em João Pessoa, o PL tem a coragem de lançar Marcelo Queiroga, que atuou de maneira indecente como ministro da Saúde do negacionista que fez piada com os mortos da pandemia de Covid-19. Em quatro capitais, sem um nome competitivo, o partido vai para alianças. É o caso de Salvador, São Luís, Teresina e Natal.
O movimento do PL tenta um avanço no Executivo como o que houve no parlamento nacional. O partido tem 96 membros, a maior bancada na Câmara Federal. Nanico em Alagoas, a sigla de Bolsonaro tem apenas um deputado na Assembleia. Mas, na Câmara de Maceió, um arrastão recente montou uma bancada de 11 vereadores. O gatilho para essa conversão em massa é o trabalho de JHC em nome da extrema direita.
Resumo: um jovem da renovação política é peça central no avanço do bolsonarismo em Alagoas. Bolsonarismo é a política do golpismo, da truculência policial, da antivacina, do ódio a minorias, do ataque a instituições, do armamentismo geral, da homenagem a torturadores. E vai por aí. São ideais em harmonia com o prefeito de Maceió.
Não se sabe o tamanho do efeito da nacionalização numa campanha municipal. Como o influencer de Jaraguá tenta vender a imagem de novidade do TikTok, ele teme um acirramento por essa via. Vamos ver se JHC tem coragem de assumir pra valer o que dele cobram seus guias nacionais – esses dois gigantes da política, Bolsonaro e Valdemar.