É uma tarde de sábado, cai um pé d’água fustigante e esta ativista está bem confortável na lojinha da Rosângela, no Mercado da Produção, em Maceió, esperando a chuva passar.
Lalá, também está no espaço e transborda assuntos.
Ela fala, entre sorrisos, as palavras desaguando na conversa tempestade, despontando lembranças que magoam.
Quando fala em família, afirma ‘família é melhor, como um quadro na parede’.
-A mãe não a aceita e expulsou-a de casa ,e não há mais conversas- informa Rosangela, a dona da loja.
Lálá é o diminutivo de Larissa, uma mulher preta, trans
-Deus fez o homem e a mulher, o resto é invenção do diabo- diz a mãe de Lalá..
A moça fala sobre os ‘cabarés’, as esquinas, periferias, drogadição entre as meninas que fazem programa.
-Ainda bem que não vivo de fazer programa, porque tenho o benefício, por conta do problema na minha cabeça.
Pergunto-lhe sobre a solidão.
Lalá responde que de tanto levar pancadas, tem aprendido a ser só.
Gosta de se divertir com parceiros, mas prefere voltar para casa sozinha.
-Não tenho mais paciência!
Em um sábado chuvoso, essa ativista, conheceu Lalá, uma mulher trans, preta, pobre com todos os marcadores sociais, que potencializam o abandono e a solidão.
Transversalidades do ser, na luta por direitos sociais.
É difícil ser uma mulher negra, trans em Alagoas, um estado extremamente racista e misógino.
Lalá!