Esta semana o Jornal da Band apresenta uma série especial de reportagens sobre os 30 anos do Plano Real. Outros veículos vão fazer o mesmo para celebrar o lançamento da moeda que mudou a história do país. O novo dinheiro começou a circular em primeiro de julho de 1994. Na linha de frente do projeto estavam nomes como Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Edmar Bacha, Pedro Malan, Winston Fritsch e FHC. 

Àquela altura, a inflação chegava a quase 5000% no acumulado de 12 meses. Parece ficção científica. Acabar com o quadro caótico na economia era visto como uma quimera. A remarcação diária nos preços havia se tornado uma rotina perversa desde o começo da década anterior, marcada por sucessivos planos que acabavam em nada. Mas a partir daquele ano tudo mudou. O país subiu um patamar civilizatório.

Mas o texto não é sobre o Plano Real. Lembrei esse contexto ao ler a notícia do lançamento da pré-candidatura do neotucano José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo. Aconteceu nesta quinta-feira, 13 de junho, num hotel de luxo na capital paulista. É algo perturbador que o PSDB tenha como opção eleitoral um mequetrefe cujo “mérito” é a pregação de ideias medievais num programa de TV. Onde os tucanos foram bater!

A legenda que já reuniu um time de alto nível da vida pública e do pensamento econômico se rende a um brucutu, um cabeça oca, adepto da violência policial, eleitor de Bolsonaro. É a política a reverenciar o lixo moral e a ignorância irrestrita. O que diabos um Datena da vida tem a oferecer como gestor público ao país? É a locomotiva brasileira repaginada, a consagração da vanguarda do atraso. Nada a ver com o Real.

No evento de lançamento estava o que sobrou do tucanato. Além de Aécio Neves (que aparece na foto ao lado do novo parceiro), José Aníbal, Marconi Perillo e Mario Covas Neto. O partido vive uma quadra tão desalentadora, que não tem sequer um vereador na Câmara Municipal paulista. Para completar a piada, Datena pode desistir no meio do caminho. Foi o que ele fez nas últimas três eleições. Nem pode ser levado a sério.

Engolido pelos novos tempos da chamada polarização, o PSDB não consegue achar um rumo. E continua fazendo apostas erradas. O caminho para reencontrar a relevância não está na rendição ao grotesco. Antes adeptos das ideias de Arida e Resende, os tucanos aderem à teoria social e econômica de Luiz Datena: Tiro, Porrada e Bomba.