Um punhado de almas penadas foi à avenida Paulista em ato contra o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A mobilização deste domingo não atraiu as estrelas do bolsonarismo, como o governador Tarcísio de Freitas e o arruaceiro turbinado a dízimo Silas Malafaia. A organização da coisa foi de um grupo que acaba de ser criado sob os mesmos princípios da ultradireita golpista. O coletivo se chama “Liberdade”.

Até onde se sabe, se trata de um aglomerado de empresários que pretende se vender como a voz do povão. O núcleo duro do bolsonarismo finge que não tem nada com isso, para não se associar ao fracasso da manifestação. Os únicos políticos reconhecidos pela imprensa no evento foram a deputada Carla Zambelli e o deputado Marcel Van Hattem. São dois dos mais alucinados no bonde movido a fake news.

Foi uma presepada no conjunto. Mas tudo tem um lado pedagógico. A dupla citada se esgoelou na reprodução da pauta central de Bolsonaro. Ausente, ele é o pai e a mãe das ideias ali repetidas feito um mantra aos ouvidos dos cidadãos de bem. O histérico Hattem proferiu ofensas a Alexandre de Moraes com a mesma ladainha de impeachment contra o juiz do Supremo. É ideia fixa do mundo perturbado da turma.

Escanteada pelo próprio Bolsonaro, Zambelli se agarra à causa na tentativa de se salvar. Ela tem um encontro marcado com um julgamento no STF. Patrocinou falsificação de documentos e aquela invasão ao sistema eletrônico do CNJ. A condenação é dada como certa. Como quem não está nem aí, na Paulista ela esbravejou por outro impeachment, agora do presidente Lula. Os motivos? Talvez o preço do arroz.

Segundo a lógica da parlamentar, a campanha para tirar Dilma Rousseff da Presidência “começou pequena e depois foi crescendo”. Reitero: a irrelevante passeata não deixa de revelar aspectos que confirmam um projeto em trânsito. O sonho dourado do bolsonarismo é a instalação do caos. Debate racional sobre números da economia não mobiliza ninguém. Bagaceira nas ruas, sim. As multidões não pensam.

Para terminar, vejam o que dizia uma das faixas na Paulista, segundo a Folha: “Fora ditadura, help Elon Musk”. O que escrever sobre isso para além do óbvio? Os golpistas que pediram golpe durante quatro anos agora fingem que não é com eles. E o plutocrata digital é a salvação dos patriotas. Mas acabo de escrever o óbvio. Para além disso, teria de ser um estudo sociológico. Não cabe aqui. Certo é: a canalha não desiste.