No dia 27 de maio, escrevi um texto sobre o balneário de Neymar para Alagoas – o projeto do craque em decadência para criar o “Caribe brasileiro”. O negócio vai das praias de Japaratinga e Maragogi até o litoral pernambucano. No último dia 31, voltei ao tema com a novidade da PEC do Flávio Bolsonaro, que pretende uma farra imobiliária à beira-mar. Entre um texto e outro, apareceu a atriz Luana Piovani.

Criticado por uma mulher, Neymar, o machinho endinheirado, gravou um vídeo com uma reação histérica. Em um minuto e 36 segundos, um recorte definitivo de um cara que, ao contrário do que rezam as tradições, vai piorando com o tempo. Milly Lacombe, no Uol, escreveu: “Neymar é o retrato de um Brasil doente, decadente, reativo e melancólico”. Na Folha, Mariliz Pereira Jorge foi mais suscinta na definição do elemento: “Um bosta”.

Na proliferação de opiniões e análises, a coisa descambou para a disputa ideológica. No Metrópoles, Mario Sabino (de novo ele) afeta superioridade, mas não consegue disfarçar as preferências. Sem querer querendo, iguala Neymar e Piovani para desqualificar a mulher. Como os tempos atuais são o que são, o colunista não recorre ao estilo que exibia na Veja – quando ele tinha licença para matar. Se o fizesse hoje, seria demitido.

Além do bate-boca entre nomes de peso da velha imprensa, o caso faz a festa nos milhares de sites, páginas e redes sociais que analisam a “vida dos famosos”. Alguns desses espaços têm milhões de seguidores. São veículos escolhidos por uma multidão para buscar informações. É a turma que não frequenta sites tradicionais, jornais, rádios e TV – tema do meu texto anterior. Nesse ambiente, a encrenca ganha contornos eruditos.

O que parecia controvérsia com prazo de validade imediato, vai se desdobrando com zoada e consequências. A repercussão chegou ao parlamento e vai acabar tendo influência decisiva no desfecho da PEC em tramitação no Senado. O ministro Alexandre Padilha acaba de dizer que o governo é contra o projeto “do jeito como está”. 

A PEC passou na Câmara em 2022, e não se ouviu um grito. Quanto a Neymar, é um caso perdido desde sempre. DNA de caráter, digam o que disserem, vem de um jeito e nunca de outro jeito será. Como escreviam pensadores do passado, é simples assim.