Um homem colocou veneno na comida do seu próprio filho de 4 anos, deixando-o na creche um dia antes de seu aniversário, sabendo que a criança morreria em breve de forma agonizante. Esse ato foi claramente premeditado e caracteriza-se como um crime monstruoso.
Além disso, o frasco com veneno foi descartado dentro da creche, próximo aos brinquedos, o que poderia resultar em contato com outras crianças e causar mais vítimas. Isso também poderia levar à falsa impressão de que a própria creche foi responsável pelo envenenamento da criança.
O falecimento do pequeno Anthony tornou-se um acontecimento rapidamente neutralizado, sem falhas aparentes ou margem para questionamentos subsequentes. A morte de uma criança no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Paulo Freire, em Maceió, um assunto potencialmente delicado e espinhoso, foi prontamente transformada em uma narrativa "favorável" à prefeitura e seus apoiadores.
A Prefeitura de Maceió e a extrema-direita exibe uma unidade coesa em questões delicadas e cruciais, demonstrando um coro uníssono e um alinhamento que lhes conferem engajamento, solidariedade e a habilidade de moldar narrativas.
Preocupante é o silêncio da oposição, que não emitiu críticas ou expressou solidariedade à família enlutada. Já que aparentemente a creche não possui nenhuma responsabilidade, optaram pelo silêncio, sem aumentar a comoção. Isso suscita uma reflexão profunda sobre a comunicação excepcionalmente eficaz de JHC e seus aliados, que supera amplamente os esforços de seus adversários.
Embora a morte de uma criança não deva ser usada como plataforma eleitoral ou estratégia de marketing político, especialmente para fins eleitoreiros em 2024, também é inegável que os grupos progressistas e de oposição negligenciaram essa tragédia, optando pelo silêncio.
Em contraste, o prefeito e seus aliados, especialmente aqueles de extrema-direita, atuaram prontamente, produzindo conteúdo que esclarecia, condenava, narrava e descrevia os fatos, expressando indignação e condolências à família de Anthony.
Segundo a antropóloga, Isabela Kalil, “a extrema-direita entendeu que dar explicações simplificadoras para fenômenos complexos funciona no ambiente digital. Não tem medo de errar e de experimentar coisas, e está colhendo frutos".
Por outro lado, não foi percebido pronunciamento no instagram de nenhum pré-candidato de oposição ao prefeito. Uma única parlamentar do campo progressista que teceu um breve comentário sobre a trágica morte postou, logo em seguida, na sequência de seus stories, uma fotografia de um prato requintado durante jantar em uma conhecida enoteca e vinho bar.
Isso levanta questões sobre a falta de estratégia, sensibilidade ou disposição de disputar a narrativa quando a mesma não lhes favorece. A morte de uma criança dentro de uma creche não pode ser ignorada, minimizada ou tratada com indiferença. Aqui em Alagoas ou em qualquer outro lugar do mundo, um assassinato de uma criança requer atenção, compromisso institucional, ampla manifestação de solidariedade à família e repúdio ao crime.
Aos funcionários da creche, aos coleguinhas, especialmente à mãe e aos familiares de Anthony, estendo minhas mais profundas condolências. Espero que encontrem paz e consolo em meio a essa crueldade inimaginável.
Que sua perda nos lembre do valor inestimável da vida humana e da importância de proteger nossas crianças de todo e qualquer mal, independentemente de nossas ideologias, filiações partidárias e alinhamentos com grupos de situação ou oposição.