“O governo Lula não existe”, decreta o colunista Mario Sabino no portal Metrópoles. Willian Waack e José Roberto Guzzo pensam o mesmo, a julgar por seus textos no Estadão. E o vereador Leonardo Dias reclama que não há jornalista de direita para suprir sua dieta controlada de reacionarismo. Injustiça com nomes de alto coturno na imprensa. Tem ainda o plantel da revista Oeste liderado por Augusto Nunes.
Todos esses e muitos outros decretam diariamente o fim do mundo no Brasil. O apocalipse já chegou e nem percebemos. A resistente Veja traz semanalmente uma boa dose da mesma ração essencial ao apetite da extrema direita. Justiça seja feita, nada que se compare aos tempos de Sabino quando ele estava na função de redator-chefe. Porque ali não era opinião de direita, era pregação permanente por um golpe.
É preciso repor a verdade omitida pelo vereador. Os conservadores – e os ultrarreacionários como ele – não têm do que reclamar. Há vozes de peso reproduzindo sem parar as ideias que alimentam a voracidade animalesca dos patriotas. Vale o mesmo para Cabo Bebeto, Fábio Costa, Rodrigo Cunha, JHC e outros. Esse time (incompleto) apresenta variações de estilo e figurino, mas se igualam na adesão ao bolsonarismo.
Muito bem. De volta ao tema inicial. Para essa rapaziada que ajudou a “renovar a política brasileira”, o governo Lula acabou. O último episódio a confirmar o veredito das trevas foi a votação no Congresso sobre “saidinha” e a criminalização de fake news. A turma que exalta a política de uma pistola na cintura e nada na cabeça comemora o êxito dessas votações. A vitória do retrocesso representa na verdade uma derrota para o país.
Na economia, os indicadores que importam são positivos. Emprego em alta e inflação em queda, superávit, reservas, exportações, projetos para industrialização e infraestrutura – esse conjunto está demonstrado em dados oficiais. Além disso, os programas sociais foram turbinados para além do Bolsa-Família. Mas a oposição sistemática prefere outro país. Aquele da cloroquina para enfrentar pandemia.
Fazer oposição é legítimo e necessário. Mas o que o time do apocalipse – na política e na imprensa – quer mesmo é continuar lambendo as botas do delinquente inelegível. Afinal, o legado desse estadista está aí para todos: negacionismo, corrupção, devastação ambiental, associação a milicias, tentativa de golpe e a morte de milhares de pessoas.
Você pode considerar a gestão federal ruim, péssima até. Não faz sentido, mas tudo bem. Agora, o período em que não houve um governo foi entre primeiro de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022. Nesse intervalo havia uma gang sujando o Planalto.