Em agosto de 2022, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro cassou o mandato do vereador Gabriel Monteiro (foto), do PL, por quebra de decoro parlamentar. Ele foi acusado de assédio sexual, assédio moral e estupro. Como candidato e depois no exercício do mandato, se notabilizou por vídeos em que “denunciava” falhas graves no sistema de saúde pública. Os vídeos, ficou provado, eram forjados de modo grosseiro.
Picareta notório, o rapaz foi expulso da Polícia Militar depois de uma série de confusões enquanto era soldado da corporação. Descobriu na internet um meio de manter suas estripulias como youtuber. Foi assim que, com gravações de escândalos fabricados, ganhou popularidade e entrou na política. O elemento é evangélico, filho de um pastor e, assim como o pai, um cidadão de bem que defende os valores da pátria e da família.
A coleção de crimes do vereador cassado impressiona. Em 2021, durante a pandemia de Covid, invadiu uma unidade de saúde e acusou um médico – que estava em sua hora de folga – de se negar ao trabalho. Chegou a dar voz de prisão ao profissional. Foi condenado por isso. Monteiro está preso desde 2022 pela acusação de um estupro.
Mesmo na cadeia, e desmoralizado, ele continua admirado pela turma que segue Bolsonaro. Aliás, o estilo youtuber de fazer política tem seguidores Brasil afora, inclusive em Alagoas. A patifaria se espalhou em 2020, no auge da pandemia, mas continua sendo praticada por mequetrefes com mandato – sobretudo por vereadores.
A vigarice segue um padrão de roteiro. Munidos de uma câmera (ou de um celular, tanto faz), os farsantes aparecem em postos de saúde e outros centros de serviço público, promovem um escarcéu e constrangem servidores que estão ali no batente. Chegam com historinha de que são “fiscais do povo” e começam a chanchada de vandalização.
Investidos de um mandato eletivo, se valem da autoridade para intimidar qualquer um que tente barrar a delinquência. O que se tem na prática é um desvirtuamento das prerrogativas de um cargo público. O desfecho do espetáculo de demagogia aparece, é claro, nas redes sociais dos vagabundos, em mais um lance de campanha eleitoral.
E, evidente, a “fiscalização” nunca bate nos aliados. A valentia desses políticos que respiram fake news tem alvos seletivos. Enfim, não escapa nada – é uma farsa de ponta a ponta. Servidores públicos precisam ser protegidos dessa turma de degenerados. O youtuber da politicagem é uma das categorias que o extremismo da direita deu ao país.