Sergio Moro está otimista. Todos os dias, reportagens e articulistas na imprensa brasileira garantem que os ventos estão mudando na cúpula do Judiciário. Isso significa dias melhores para bolsonaristas investigados nos inquéritos abertos por Alexandre de Moraes. Por falar no Xandão, ele está deixando o Tribunal Superior Eleitoral, e sua vaga será ocupada por André Mendonça – o ministro diabolicamente evangélico.

Voltando a Moro. Até um dia desses, todo mundo dava como certo que ele perderia o mandato no julgamento do TSE. A decisão favorável ao senador no TRE do Paraná era mais do que previsível. Mas quando bater em Brasília, ele não tem chance, diziam aqueles mesmo analistas. Não mais. Integrantes dos tribunais superiores agora estão sensíveis aos apelos da cúpula do Congresso Nacional. É hora de baixar a temperatura.  

Nessa toada, cassar o mandato de um parlamentar cheio de votos não ajuda na busca pela “pacificação” do país. Além de Mendonça, já ocupa uma cadeira no TSE o outro indicado por Bolsonaro, Kassio Nunes Marques. Adepto das ideias à direita, é mais um nome tido como voto a favor de Moro. Moraes será substituído na presidência da corte eleitoral pela ministra Carmen Lúcia, outro dado a indicar a inflexão em andamento.

A coisa é tão séria, veja só, que produziu uma imagem inusitada dias atrás. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, recebeu em seu gabinete uma comissão de deputados que formam a tropa de choque da extrema direita. A foto do encontro dá o que pensar. Lá estão Eduardo Bolsonaro, Caroline De Toni e Paulo Bilynskyj, três dos mais celerados do PL. Segundo o portal Metrópolis, o trio saiu animado após a conversa.    

Os parlamentares foram se queixar ao ministro após a Polícia Federal abrir investigação sobre fake news envolvendo a tragédia no Sul. Ouviram do titular da pasta, a quem a PF é subordinada, que não partiu dele a iniciativa para investigar integrantes do parlamento. Jogou a coisa no colo de Paulo Pimenta, o ministro da Secretaria de Comunicação. Ainda assim, Lewandowski deu a entender que a apuração não é lá isso tudo.

Não há como saber até onde vai a atual onda de cordialidade. Mas não resta dúvida de que, em alguma medida, o clima tá meio diferente. Uma vitória de Moro no TSE – improvável até ontem – será a prova definitiva de um novo ambiente. Lembrando que o senador já pediu clemência para Gilmar Mendes – num encontro visto como impossível, até acontecer. Que passa?! É a política, estúpido, digo para mim mesmo.