Leio no blog do jornalista Ricardo Mota, aqui no CadaMinuto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), não se envolverá, ao menos diretamente, no processo eleitoral de Maceió. Bem, isso pode frustrar os candidatos da oposição ao atual prefeito e candidato à reeleição João Henrique Caldas, o JHC (PL), que apostavam na polarização para crescer nas intenções de voto.
É que de um lado estaria o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, representado por JHC, e do outro os ligados a Lula. Ainda que em Alagoas, o PL – em que pese abrigar bolsonaristas – reunir nomes que, historicamente, estão longe de convicções de direita, como é o caso do vereador Cléber Costa, é o partido de Bolsonaro. Portanto, ao menos no imaginário, caberia o discurso da polarização, pois do outro lado estariam as forças “progressistas”.
No entanto, o PT – ao menos até aqui, na fase das pré-candidaturas – sustenta uma candidatura própria à Prefeitura de Maceió, que é a do dirigente e ex-vereador Ricardo Barbosa. Contrariando o desejo do senador Renan Calheiros (MDB) e do deputado federal Rafael Brito (MDB) – o pré-candidato ao Executivo da capital alagoana – o PT não quer figurar de “vice” em uma chapa de “cabeça” emedebista.
A “lacuna” do vice ficou com o PSB, que já indicou o nome: a ex-secretária estadual Bárbara Braga.
Lula e Calheiros são aliados históricos. Então, somente aí já existe um bom motivo para o presidente da República não se meter no imbróglio, ficando equidistante do MDB e do PT em Alagoas.
Para além disso, há os afagos de Lula ao presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas), que é aliado circunstancial de JHC, em que pese a disputa interna deste bloco político para indicar o vice do atual prefeito na futura disputa. De qualquer forma, temos aí um segundo motivo.
Levando em consideração o tamanho do colégio eleitoral e as poucas chances – conforme as mais recentes pesquisas de intenção de votos – do PT ter êxito nesta disputa, Lula pode ainda ficar mais confortável para se manter distante.
É inegável que Lula tem influência entre o eleitorado de esquerda. Está corretíssimo o jornalista Ricardo Mota quando diz que a avaliação “calheirista” era de que o petista desse um empurrão na candidatura de Rafael Brito, motivo pelo qual – muito provavelmente – o senador Renan Calheiros defendia um bloco único com as forças que compõem a base política do governo estadual de Paulo Dantas (MDB).
A oposição palaciana que se divide em três candidaturas – Lobão, Ricardo Barbosa e Rafael Brito – ainda não decolou e a tal “polarização” ainda não pegou por essas bandas.
Isto faz com que o maior desafio de JHC, até esta data, seja aglutinar seus próprios aliados. Afinal, JHC faz cálculos eleitorais não pensando apenas nesta eleição. Ele avalia suas chances de vitória e com isso já projeta 2026, o que envolve – portanto – a escolha de seu vice.
JHC quer alguém de extrema confiança para o caso de uma provável disputa pelo governo nas eleições de 2026. Ao que tudo indica, este nome de confiança não se faz presente no Progressistas, mesmo com o “naco” de poder que Lira tem dentro da administração municipal, inclusive com a indicação da ex-deputada estadual Jó Pereira para o comando da Secretaria Municipal de Educação.
Mas, mesmo que o Progressistas venha a romper com JHC (ainda que a possibilidade seja remota) e lance candidato próprio, como já chegou a ventilar o ex-deputado estadual Davi Davino (Progressistas) corre o risco de retirar uma parcela do eleitorado do atual prefeito, mas ainda assim não ajudar em nada os palacianos, que seguem pontuando pessimamente nas intenções de voto.
Replico aqui uma acertada avaliação de Ricardo Mota: Rafael Brito, por exemplo, segue na “inércia”.
Por sinal, sequer a batalha toda para construir uma oposição sólida na Câmara Municipal de Maceió ajudou ao MDB.
Os vereadores opositores foram para cima de JHC com tudo em um primeiro momento, com questionamentos sobre compra de hospitais, transparência na aplicação de recursos públicos e com outros apontamentos que, independente da motivação para serem feitos, tinha consistência em seus méritos.
Afinal, a gestão de JHC tem sim problemas e deve satisfações aos maceioenses. Porém, toda aquele ânimo inicial de uma oposição, que foi costurada pelo ex-deputado estadual Davi Maia (União Brasil), arrefeceu.
O vereador Kelmann Vieira (MDB) foi colocando a voz ativa de lado e, mais recentemente, ainda entrou em rota de colisão com o Palácio República dos Palmares. Zé Márcio (MDB) também acabou silenciando com o tempo e por aí vai. A oposição, na prática, voltou a ser do tamanho que era: os vereadores Joãozinho (MDB) e Teca Nelma (PT). JHC, neste sentido, lida facilmente com a Câmara de Maceió.