O diagnóstico aparece quase todos os dias na imprensa brasileira. Onze em cada dez analistas não se cansam de decretar a morte do PSDB. A sigla é o saco de pancadas preferido dos profetas e palpiteiros que traçam panoramas para o futuro da política nacional. Não é difícil entender as razões para a unânime radiografia da legenda que por longo período deu as cartas nos destinos do país. Poucos acreditam numa recuperação.

Sinais da decadência começaram a pintar lá atrás, mas o ano de 2018 marca o início do percurso rumo à UTI. Foi quando Geraldo Alckmin – um tucano histórico – amargou o vexame de uma derrota na eleição presidencial. O ex-governador de SP obteve 4,76%, uma votação à altura de um candidato nanico. Foi miseravelmente traído por um tucano fake, o inclassificável João Doria. Na verdade, uma derrota anunciada.

Alckmin foi bater onde está, Doria largou a política, e o partido seguiu ladeira abaixo. Antes, na eleição de 2022, Eduardo Leite, governador do RS, deu sua parcela ao desmonte do tucanato. Hoje, são três governadores, 14 deputados federais e nenhum senador. Ou seja, influência zero no parlamento. Além de perder eleições, uma debandada geral achatou o número de tucanos com mandato. Haverá salvação?

Aécio Neves e Marconi Perillo acreditam que sim. Deputado federal, o mineiro acaba de apresentar o Farol da Oposição, uma publicação para bater no governo Lula e defender ideias para o país. É um projeto do Instituto Teotônio Vilela, presidido por Aécio. No lançamento, ele disse que muitos veem o partido em estado de “morte cerebral”, mas garantiu: o PSDB “voltará a ser protagonista da cena política nacional”.

Depois de escapar da acusação de pedir propina à JBS, Aécio saiu do limbo e tenta voltar ao jogo. Ele trabalhou pela eleição do goiano Perillo, ex-governador e ex-senador, para presidente do partido. São aliados. No país dos invertebrados PL, PP, Novo, União e Podemos, os princípios do velho PSDB não deveriam ser descartados. O Plano Real e a estabilidade econômica deram ao Brasil um padrão civilizatório inédito.

Em Alagoas, o tsunami também devastou o partido. Rui Palmeira e Rodrigo Cunha caíram fora. O ex-governador Téo Vilela anda sumido, restrito aos bastidores. O presidente da sigla é o ex-deputado Pedro Vilela, a renovação que perdeu fôlego. Na linha de frente, como secretário-geral, batalha o ex-vereador Claudionor Araújo, um veterano incansável cuja trajetória é prova viva de que política pode ser exercida com ética e honradez.

Perillo veio a Maceió em março passado e se reuniu com a tropa local (foto). Cravar profecias sobre eleições é atividade de alto risco. Do mesmo modo, decretar resultados no jogo político é brincar com o perigo. Sem dúvida, o PSDB mergulhou na maior crise de sua história, mas as nuvens se mexem, com surpresas e reviravoltas. O maior desafio é se conectar aos novos tempos e abrir uma clareira na selva do extremismo.     

Está faltando voto. A disputa municipal deste ano é um teste de sobrevivência.