No sábado (20), Érica morreu no hospital, cerca de 15 dias depois de ser baleada dentro de sua casa, em Arapiraca, pelo ex-marido, militar, que também matou um colega de farda e se suicidou.
Neste domingo (21), dos nove boletins de ocorrências registrados pelo Copom Maceió, sete são referentes à violência contra a mulher.
Alguns deles:
No Jardim Petrópolis, no começo da noite um homem chegou em casa bêbado, agrediu a esposa e tentou enforcar o filho dela (enteado dele), menor de idade.
Durante a noite, uma mulher precisou se esconder dentro de um armário para escapar da fúria do marido, na Gruta de Lourdes. No local, os policiais que resgataram a vítima encontraram a porta da residência arrombada e destruída pelo acusado.
Também à noite, no Benedito Bentes, uma mulher foi agredida pelo marido na frente da filha do casal. No Tabuleiro do Martins, o marido também bateu na esposa.
O que essas mulheres têm em comum com Érica? A crônica de uma morte anunciada.
Enquanto as ameças e agressões, no contexto da violência contra a mulher, continuarem sendo tratadas como crimes “de menor potencial ofensivo”, teremos ainda milhares delas.
Enquanto a medida protetiva, que é sim de extrema importância, for a única barreira entre um homem e a mulher que ele julga ser sua propriedade, segue disparando o contador.
E o contador macabro acelera quando ainda se associa crime passional ao amor e não ao ódio.
A distância entre o feminicida e o agressor é pequena. Do tamanho da oportunidade.