Desde que o mundo é mundo, ícones da ciência política como Hannah Arendt defendem o que não é muito difícil imaginar: o poder precisa ser plural e se cercar de pessoas, múltiplas, para funcionar, e isso evitaria o batidíssimo erro que se comete ao se executar uma comunicação equivocada, que produz rejeição em massa.
É o que a classe política faz o tempo todo. Falas desconectadas das ambições populares. Um erro crasso, digamos assim, mas incansavelmente cometido. E por quê? Porque se tem uma coisa que se acredita é que manter a bolha é fundamental, tal como falar para a bolha. Falar não o que ela gostaria de ouvir, mas o que gostaria de falar e fala em seus círculos.
Em São Paulo, Tarcísio está “nem aí” para a possível violência policial. Em Brasília, Lula “está feliz” com a eleição (leia-se ditadura) na Venezuela. Em Alagoas, para o Governo Estadual o programa lançado por JHC voltado à implantação de creches “parece um amontoado de meninos num mesmo espaço”.
Falas problemáticas, polarizadas (polarização, o “novo” mal da política), que nada agregam à política, muito menos ao debate público, mas muito falam sobre a percepção que esses atores políticos têm da política e da coisa pública, essa última, que a propósito, em um mundo ideal não permitira que os interesses pessoais fossem tão claramente demonstrados em erros básicos de comunicação.