Os números não mentem e uma coisa está diretamente relacionada a outra. Em 2022, quando Lula e Bolsonaro disputaram o cargo mais cobiçado do país, o número de abstenções chegou a 20,9% do eleitorado, volume que tem aumentado desde 1998, e o maior número desde então, uma evidente concretização da aversão deliberada à política.
O crescimento da presença da classe política nas redes é pura consequência do distanciamento do eleitorado refletido em ausência nas urnas, culpa também da polarização. É um exercício diário do “like ao voto”.
Sendo assim, quem consegue o feito de realmente se aproximar do eleitorado por meio das redes sociais é “rei” e incomoda porque convenhamos: é preciso carisma, e carisma nem todo mundo tem. É um elemento que conta, e muito.
João Campos, prefeito de Recife, viraliza no Instagram e viralizou na Folha de S. Paulo nos últimos dias pelo gasto em publicidade em suas redes sociais que ultrapassou R$ 1 milhão em 2023, segundo apurou a Folha.
Prefeito vizinho de capital de João Campos, JHC, também engaja e tem a audiência garantida do ministro Renan Filho, que de forma diferente da Folha, disse a mesma coisa quando garante que seu candidato tem condições de tirar JHC do “TikTok” para a vida real.
Ciúmes à parte, a presença nas redes é aposta de todos, inclusive de quem critica, e desde 2022 calcula-se que a importância da TV e do rádio nas campanhas eleitorais encolheu para menos de um terço em investimentos em divulgação.
É possível engajar em política mesmo com as redes desconectadas da realidade? E se JHC engaja, como reconheceu o próprio Renan Filho, sua Maceió das redes é outra que não a Maceió real? A aprovação da gestão demonstra o contrário. E se há conexão entre as entregas reais e as redes, “sair do TikTok” nem o povo quer.