Assim como vários clubes no futebol brasileiro já passaram ou ainda passam por situações difíceis, com dívidas e dificuldades financeiras, o ASA também precisou se reestruturar e alinhar políticas internas, para superar a crise que o clube enfrentou – muitas dessas dificuldades devidas aos rebaixamentos que a equipe sofreu nos anos de 2013 e 2017. Dívidas com jogadores, dificuldade na montagem de elenco e na contratação de profissionais capacitados para a gestão do futebol, são alguns dos fatores que impactam diretamente nas finanças de um clube. O alvinegro também teve que superar nos últimos anos.

Dentre tantos desafios e débitos pendentes, ações trabalhistas também são fatores que influenciam na recuperação orçamentária de um clube. Sobre o tema, o Cada Minuto conversou com Rogério Siqueira, presidente do ASA desde 2023, que explicou como está sendo o processo de recuperação do alvinegro, e quais os desafios encontrados desde que assumiu o clube.

“O desafio mais difícil que encontramos aqui, quando chegamos, foi o medo do invisível, aquelas ações trabalhistas que viviam chegando, débitos não identificados pelo clube. Então, a maior dificuldade no início, o maior desafio foi identificar todos os passivos”, explicou o dirigente alvinegro.

Rogério chegou ao clube, inicialmente como diretor de futebol em 2022, e se deparou com Gigante em situação de atraso de salários, e com dificuldade de receber dinheiro dos patrocinadores. Após um trabalho em conjunto, com a diretoria e conselheiros do clube, conseguiram reverter esta situação.

“Quando chegamos ao clube, em 2022, encontramos um ambiente complicado, principalmente pela situação financeira, mas conseguimos, junto com alguns conselheiros e diretores, buscar recursos para colocar as folhas que estavam em atraso em dias, e todos os passivos também, inclusive o trabalhista”, relatou o mandatário do Gigante.

Após este início desafiante, o ASA conseguiu chegar a final do Alagoano duas vezes seguidas, depois de passar 10 anos sem disputar o título, e chegou ao mata-mata de acesso à 3° divisão nacional em 2022, e disputando a 2° fase da Serie D em 2023. Feitos que resgataram a autoestima do torcedor, que voltou a lotar o Estádio Municipal de Arapiraca, recuperando as expectativas na conquista de títulos.

ASA e CRB, em disputa pelo Campeonato Alagoano / Foto: Divulgação / Assessoria

Rogério destacou ainda que, o grande impulso para a volta do crescimento do clube, foi apoio da torcida alvinegra, e disse que “o grande estalo foi a chama que reacendeu da arquibancada, né, a torcida, essa torcida maravilhosa, apaixonada, né, que sempre fez e sempre fará toda a diferença do clube”.

Por fim, o presidente do ASA projetou o futuro do clube, as expectativas a médio e longo prazo, a conquista do CT, a reestruturação da base, a possibilidade da SAF no alvinegro e a sobre o seu futuro na presidência do Gigante. Confira abaixo a entrevista na íntegra:

 

Quais as projeções a médio e longo prazo após essa restruturação financeira?

- A projeção a médio e longo prazo é a melhor possível, o clube encontra-se hoje com um centro de treinamento, uma casa para chamar de sua, as contas em dia e a médio e longo prazo eu consigo enxergar um clube sem dívidas e voltando à elite do futebol nacional, de onde nunca deveria ter saído.

 

Sabemos que a base é ativo fundamental para os clubes de futebol, o ASA já revelou grandes jogadores em um passado recente, que se firmaram no clube e em outros do cenário nacional, como vem sendo esse trabalho de restruturação da base, para que traga frutos ao clube num futuro próximo?

- Sim, realmente a base é o futuro de qualquer clube, o alicerce, e a gente está fazendo um grande trabalho com o presidente Bruno Euclides à frente, uma comissão técnica permanente. Neste ano vamos ter muito foco, principalmente no Sub-17, com investimento maior até que outras categorias, porque quando você divide um investimento em três, quatro, cinco categorias, acaba você não dando foco. Então, nosso foco maior vai ser no Sub-17 este ano, óbvio que vamos ter também as outras categorias, mas a gente acredita muito na base, e ano a ano existe uma projeção de ter mais investimentos na base e focar em todas as categorias.

 

Popularizou-se muito o modelo SAF no Brasil, você acha que seria viável e saudável para um clube como o ASA?

- O grande problema do modismo SAF é com quem? A SAF hoje no Brasil, ela é movimentada por muitos especuladores. Então, o grande problema da pegadinha SAF é com quem você vai fazer e o formato do projeto para o clube. Então, eu acho que, óbvio que todo clube está aberto a conversas, né? Mas primeiro saber com quem, de onde vem o dinheiro e como será colocado no clube, alocado. Não existe conversa sem dinheiro na mesa. Então, tá, quer investir no clube? Quer. Quanto agora aqui? Tem quanto para pôr no clube? Porque negócio para pôr é gradativo, para arrumar dinheiro com o que o clube der, isso aí não está aberto a nenhuma conversa dessa natureza. Agora, se chegar alguma empresa séria, algum grupo sério. Com dinheiro na frente, mostrando uma projeção futura próxima para o clube e resolvendo as dívidas imediatas do clube, a gente está aberto sim a conversar.

 

Esse é seu último ano, neste mandato, na presidência do ASA, tem chances de se candidatar para ficar mais um mandato à frente do clube?

- O ASA é um clube da torcida, é um clube de Arapiraca, e eu acho que outros torcedores como eu vão se juntar, com certeza, tem muita gente boa aí para dar sequência, e esse ano eu concluo a minha jornada aqui a frente da presença do clube, de cabeça erguida, fazendo o meu melhor e dedicando-se integralmente a tudo que o clube precisa, e com certeza é um clube que não é do Rogério e não será de nenhum outro que passará aqui, ele é da torcida, ele é da Arapiraca, então cada um vem da sua contribuição e segue o ASA, como sempre seguiu.

 

*estagiários com supervisão da editoria