Os petistas no Senado Federal e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), tentaram de tudo para barrar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. Mas, diante das circunstâncias desfavoráveis e da insistência do senador Renan Calheiros (MDB) na pauta, não houve outro caminho: a CPI foi instalada ao apagar das luzes de 2023.
Todavia, os trabalhos só iniciarão de fato no próximo mês, quando será indicado o relator da CPI.
O presidente da Comissão já é conhecido: o senador Omar Aziz (PSD).
Nos bastidores políticos, o senador Renan Calheiros ainda briga para ficar com a relatoria. Porém, o PT tem articulado junto com outros partidos para derrubar Calheiros em definitivo, deixando a relatoria com o petista Rogério Carvalho. Para Calheiros, pode restar um “baixo clero” na Comissão que ele mesmo criou...
O objetivo dos governistas é conter danos. Ou seja: evitar o que Lula teme: saber como uma CPI começa, mas nunca saber como ela termina, uma vez que as linhas de investigações a serem abertas podem resvalar na Petrobras e na Novonor (a antiga Odebrecht).
Quem ainda lembra dos desdobramentos da Lava Jato, quando mirou no “Petrolão”, deve presumir o que um fio desempacado, dentro desta CPI, pode causar. É o famoso dito popular: “atirar no que viu, mas acertar o que não viu”.
Não por acaso, como coloca a Revista Veja, a CPI incomodou Emílio Odebrecht, herdeiro da empreiteira majoritária da Braskem e que mudou de nome devido aos mais recentes escândalos da República.
O governo federal quer diminuir o clima de “fervura” da Comissão proposta por Renan Calheiros, tirando o senador emedebista de cena já que todos em Brasília sabem muito bem o quanto este palco é fundamental para Calheiros diante da disputa paroquial com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).
O possível futuro relator Rogério Carvalho já deu suas declarações sobre o assunto. À Veja, ele falou que a CPI não pode ficar restrita a Alagoas: “Precisamos aproveitar a oportunidade da CPI para abrir um debate sobre como a mineração acontece no Brasil e quais mudanças são necessárias para que ela seja menos agressiva e mais limpa. Não é para ser uma caça às bruxas”. É uma boa forma de alargar o tema dentro de uma saída estratégica que faça com que a CPI aponte para um lugar bem distante daquele que é temido pelo governo petista.
Além disso, conforme bastidores políticos, há um esforço para que sejam trocados os membros ou até mesmo que se tenha uma debandada ou se promova o esvaziamento do colegiado. Resta saber como reagirá Renan Calheiros, diante do contexto que antecede os primeiros dias da CPI…