Com a virada do ano e a chegada do período eleitoral, se reiniciam as especulações sobre quem será o vice do atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), na composição da chapa na qual o chefe do Executivo municipal vai disputar a reeleição.
Para conquistar o primeiro mandato, JHC teve que abrir espaço para compor com o atual vice-governador Ronaldo Lessa (PDT), que foi o vice-prefeito por quase dois anos, deixando o cargo para disputar a eleição ao lado do atual governador Paulo Dantas (MDB) - mudando de lado! - alcançando o cargo que tem hoje. O contexto era outro.
Lessa é uma figura política que perdeu muito de sua relevância desde que saiu do posto de governador do Estado e perdeu uma eleição para o Senado Federal, quando concorreu contra o ex-presidente e ex-senador da República, Fernando Collor de Mello (PTB). De lá para cá, o pedetista só ganhou - por contra própria - a eleição de deputado federal, depois se contentou com os papéis de vices, já tendo estado - nessa trajetória - contra e a favor do MDB do senador Renan Calheiros por algumas vezes.
Mas, retornemos a JHC.
O prefeito de Maceió tem sido o favorito nas pesquisas de intenção de votos até aqui divulgadas, inclusive com a possibilidade de vencer a eleição no primeiro turno. Nessa conjuntura, o MDB se esforça para desgastar JHC com questionamentos que, de fato (independente de quem os faça) merecem atenção, como é o caso da discussão sobre o acordo firmado com a Braskem e o uso dos recursos advindos dessa indenização: R$ 1,7 bilhão.
A cobrança por transparência por parte da oposição tem sentido, em que pese ser - evidentemente - marcada muito mais por componentes políticos que pelo real interesse da moralidade com a coisa pública. Faz ainda mais sentido quando entra em cena o tal “Doutor Mário”.
Agora, é fato: em que pese o festival de pancadas para cima do prefeito, a oposição emedebista não consegue capitalizar seus esforços. Não há um nome sequer - dentro do MDB - que consiga ter densidade eleitoral suficiente para ser competitivo no pleito, levando em consideração as pesquisas.
O “ninho emedebista” não sabe sequer quem será este pré-candidato a enfrentar o chefe do Executivo da capital alagoana.
O MDB - afinal - sabe na própria pele que “pancadaria” pode não garantir mudança de cenário, haja vista as acusações de corrupção que Paulo Dantas enfrentou quando disputou o governo do Estado e ainda assim se elegeu... A oposição ao MDB apresentou mais de 50 milhões de motivos para não se votar em Dantas, mas não adiantou…
Isto faz da oposição emedebista um corpo sem cabeça, sem novidade a apresentar, sem renovação e sem credibilidade para lutar contra uma gestão que vem sendo bem avaliada.
Os aliados do MDB - como é o caso do ex-prefeito e atual secretário estadual de Infraestrutura, Rui Palmeira (PSD) - aparecem muito melhor avaliados, mas ainda não assumem publicamente o interesse em entrar nessa briga.
Ou seja: o senador Renan Calheiros (MDB) surge como o comandante do time, mas como não disputa diretamente este pleito municipal, acaba por liderar um “UFC eleitoral” que visa 2026 e não o atual 2024.
Tudo isso ajuda JHC. Inclusive, o auxilia em estar em uma posição confortável para a escolha de seu vice. Com a aliança firmada com o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e com outros opositores do MDB, JHC consolidou um grupo que não tem uma identidade, mas circunstâncias, que se forma até por “gravidade”. Sendo assim, a escolha do vice passa pelo projeto político futuro de JHC que não envolve apenas 2024, mas 2026.
Há muito em JHC a essência do “bloco do eu sozinho”.
Se o prefeito pensa em ser candidato ao governo do Estado de Alagoas, caso consolide sua reeleição, buscará um vice de sua extrema confiança, pois precisará da “máquina pública” dando suporte a uma candidatura futura que não apenas a deste ano.
JHC não pode correr o risco de ter que sair da Prefeitura - em caso de vitória - deixando um vice que possa debandar. Entra, portanto, uma questão: até que ponto JHC confia no presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas), para ofertar esta cadeira a Davi Davino Filho (Progressistas) ou a Jó Pereira (PSDB)?
Tal questionamento abre espaço para os “sonhos” do presidente da Câmara Municipal de Maceió, o vereador Galba Netto (MDB), que mesmo estando no “ninho emedebista” deve disputar a eleição próxima em outra sigla, seja ele candidato à vereança ou vice.
Não sejamos tolos! Em um cenário em que JHC é favorito, todo mundo quer ser vice por um razão: é grande a possibilidade do vice se tornar prefeito por dois anos. O favoritismo de JHC faz com que um vice de chapa sonhe com a Prefeitura de Maceió por um caminho mais fácil que disputar a eleição com o próprio nome. É óbvio que o próprio prefeito sabe disso.
O vice de JHC não será escolhido pensando em 2024, mas nas possibilidades de 2026.
Ah, mas JHC também pode querer ser - em futuro mais distante - candidato ao Senado Federal. Sim, pode! Mas não muda o fato de precisar de alguém de confiança para assumir a máquina pública municipal. E se ele, a longo prazo, mira no Senado Federal tem - já de cara - uma possível rota de colisão com um aliado: Arthur Lira.