Morreu, na madrugada deste sábado (6), aos 92 anos, o ex-técnico da seleção brasileira e único tetra campeão mundial de futebol, o ex-jogador alagoano Mario Jorge Lobo Zagallo. A informação foi confirmada pelo perfil oficial da lenda do futebol brasileiro e mundial.
A causa da morte não foi divulgada. Zagallo estava internado há alguns dias em um hospital do Rio de Janeiro.
“É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo [...] Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, diz a nota divulgada pela assessoria de Zagallo.
Em agosto do ano passado, Zagallo ficou 22 dias internado para tratar de uma infecção urinária. Em 2022, ele foi hospitalizado com um quadro de infecção respiratória.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), lamentou a morte de Zagallo e se solidarizou com os familiares, em nota divulgada no site da instituição.
“A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol”.
A entidade ainda decretou um minuto de silêncio em todos os jogos da rodada das Eliminatórias da Copa do Nordeste, que ocorrem neste sábado (6).
Alagoano, Zagallo nasceu na cidade de Atalaia, em 9 de agosto de 1931. Se mudou para o Rio de Janeiro ainda jovem e iniciou sua carreira como jogador nas categorias de base do América Futebol Clube.
Em 1950, Zagallo participou de sua primeira Copa do Mundo, mas não como atleta. Na época, aos 19 anos, fazia parte da Polícia do Exército. Sabendo de sua ligação com o futebol, o chefe do esquema de segurança da competição o designou para trabalhar nas arquibancadas do estádio do Maracanã durante a final, onde assistiu o Brasil ser derrotado pelo Uruguai.
Oito anos mais tarde, já sendo um dos destaques do Flamengo, esteve relacionado na convocação para a Seleção Brasileira na campanha vitoriosa da Taça Oswaldo da Cruz. Com o êxito, seguiu com o grupo para o Mundial daquele ano, que foi disputado na Suécia.
Em solo europeu, participou dos seis jogos da competição. Acabou sendo responsável por um dos gols na final vencida pelos brasileiros por 5 a 2, contra os donos da casa. Ali, conquistava sua primeira Copa. Na edição seguinte, em 1962, no Chile, ganhou o bicampeonato mundial.
Ainda com a amarelinha, foi vencedor da Taça do Atlântico (1960), da Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962), da Taça Bernardo O’Higgins (1959 e 1961) e da Copa Roca (1960 e 1963). Em 1964 resolveu se aposentar da Canarinho como atleta.
História
Mesmo depois de pendurar as chuteiras, o Velho Lobo resolveu continuar no futebol. Em 1966, assumiu o comando do Botafogo. Na equipe, foi campeão da Campeonato Carioca em 1967 e 1968, da Taça Rio nos mesmos anos, e do Campeonato Brasileiro de 1968, à época chamado de Taça Brasil.
Antes da Copa do Mundo de 1970, disputada no México, foi chamado para ser técnico da Seleção, substituindo João Saldanha. O time era recheado de craques, como Pelé, Rivelino, Gérson, Jairzinho, Clodoaldo e Tostão.
A campanha brasileira foi espetacular: seis vitórias em seis jogos, 19 gols marcados e apenas sete sofridos, coroando uma grande campanha para o tricampeonato. Zagallo passou a ser a primeira pessoa na história a conquistar um mundial como treinador e jogador.
Em 1974, não teve o mesmo êxito, mesmo mantendo algumas peças do tri. Acabou na quarta colocação na Copa do Mundo da Alemanha.
Nos anos 1970 ainda teve passagens vitoriosas como treinador do Flamengo, do Fluminense, e do Al-Hilal, da Arábia Saudita. Nos anos 1980 comandou Vasco, Seleção Saudita e Bangu.
Após 20 anos, Zagallo retornava para a maior competição de futebol. Mas, desta vez, como coordenador técnico, na comissão de Carlos Alberto Parreira, na Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
Na fase de grupos, a Seleção não perdeu, liderando o grupo B. Venceu a Rússia, por 2 a 0, e Camarões, por 3 a 0. Contra Suécia, empatou em 1 a 1.
Nas oitavas de final, os brasileiros derrotaram os anfitriões por 1 a 0, com gol de Bebeto. Nas quartas de final, superaram a Holanda por 3 a 2. Na semifinal, a Seleção encontrou novamente a Suécia, mas dessa vez saiu com a vitória, por 1 a 0.
A grande final foi contra a Itália, com um persistente empate por 0 a 0 no tempo normal. Nas penalidades, o Brasil fez 3 a 2, interrompendo um jejum de 24 anos sem a conquista da Copa. Foi o quarto título de Zagallo como membro da delegação.
Após a competição, com a saída de Parreira, o “Velho Lobo” foi escolhido para a sucessão e voltou a comandar a Seleção Brasileira. Venceu a Copa Umbro, em 1995, e a Copa América e a Copa das Confederações em 1997.
Em 1998, Zagallo embarcava para seu terceiro mundial como técnico. Na primeira fase, o Brasil terminou em primeiro no grupo A, com seis pontos, vencendo duas seleções: a Escócia, por 2 a 1, e o Marrocos, por 3 a 0. E sofreu um revés, contra a Noruega, por 2 a 1.
Nas oitavas de final, goleou o Chile por 4 a 1, com gols de César Sampaio e Ronaldo Fenômeno. Já nas quartas de final, venceu a Dinamarca, do lendário goleiro Peter Schmeichel, por 3 a 2, em uma grande partida.
Na semifinal teve a Holanda pela frente. No tempo normal, empatou por 1 a 1 com a Laranja Mecânica. Nas penalidades, venceu por 4 a 2, contando com a genialidade do goleiro Taffarel.
Mas na final, contra a França, anfitriã do torneio, a história mudou. Marcada pelo episódio de uma convulsão de Ronaldo Fenômeno antes da partida, a Seleção foi completamente dominada e derrotada por 3 a 0.