Como coordenadora geral da igualdade racial da prefeitura de Maceió iniciamos  visitas a alguns territórios, na capital, tendo como foco pôr em prática, o exercício institucional de promover  escuta ativa  das periferias negras.

Em um dessas escutas tivemos um público de 60 pessoas. A maioria, mulheres e negras. Ouvimos atentamente os relatos que falavam das inúmeras dificuldades  dos acessos sociais , por conta da precarização cotidiana.

Fizemos arrodeios de conversas até chegamos ao tema da reunião: a periculosidade do racismo.

As mulheres com as línguas afiadas pelas  vivências cortantes,  excludentes contaram dos abusos sofridos, principalmente, pela juventude negra,  por parte de representantes do braço armado do estado.

"-Tinha um monte de motoboys, eles só pararam meu namorado e outro preto.

Eu tinha acabado de sair com meu namorado da UPA e o policial afirmou que ele estava drogado. Eu fiquei com tanta raiva, mas, tive que me conter para não criar um fato- falou a moça indignada.

-Na periferia é assim, a polícia sempre acha que preto é bandido!"

Os depoimentos aconteceram feito  enxurradas de desabafos  e esta ativista percebeu a necessidade da criação de um canal específico para a denúncia do racismo, como uma forma didática de educar a população a  reivindicar respeito e direitos.

Compartilhamos a ideia, mas, esbarramos em normas constitucionais . A ação estava fora da alçada do município.

Mas, a indignação daquelas mulheres ficaram fazendo zoada  militante,  e buscamos articulação com um cabra amigo, profissional da Justiça, extremamente comprometido, com os direitos humanos e refalamos sobre a proposta:- A ideia é muito boa, Arísia Barros, posso articular outros canais e passar adiante?- perguntou.

-Claro, disse eu- precisamos de um feedback positivo.

E de articulação, em articulação Alagoas, conta, agora, na plataforma do site  da  SSP/AL,com um campo específico para denúncias anônimas do crime de racismo.

É o  Disque Racismo!

Que  ganho massa, para a população negra das Alagoas dos Palmares.

Além novembro…

Sabe a historinha de quem tem boca vai a Roma?

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