Entre acusações de “oportunismo” e vazamento de informações sigilosas, repercutiu nas sessões ordinárias desta quarta-feira (22), na Câmara Municipal de Maceió (CMM) e na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), a prisão de dois militares (um sargento e um soldado) que estiveram presentes na ocorrência de violência doméstica envolvendo o “Dr. JAC”, no sábado (18).
Pela manhã, na Câmara, o vereador Siderlane Mendonça acusou o governador Paulo Dantas de, com a prisão dos militares, “politizar” o caso - que o parlamentar classificou de “discussão de casal”.
“Gostaria que Paulo Dantas tivesse tido a mesma coragem quando foi visto um major da Polícia correndo com uma mala cheia de dinheiro no período eleitoral... Ele poderia ter feito uma intervenção e solicitado à prisão do major”, alfinetou o vereador, que é também cabo da Polícia Militar. Siderlane se referiu ao episódio no qual um major da PM foi flagrado pela Polícia Federal com uma mala com R$ 145 mil em dinheiro vivo, na companhia do presidente da ALE, deputado Marcelo Victor, em um hotel da capital.
Em seguida, a vereadora Teca Nelma criticou o fato de o colega ter se referido à ocorrência como “briga de casal” e explicou sobre os vários tipos de violência contra a mulher: “O privado deve ser politizado quando há violência contra a mulher.”.
Em aparte, o vereador Rodolfo Barros lembrou que “também é violência contra a mulher quando uma ligação para o serviço sigiloso do disque denúncia vaza para as redes sociais e para a imprensa, com clara conotação política”.
Ele cobrou explicações do Comando da PM sobre a divulgação do áudio e de imagens de câmeras, lembrando que o vazamento “é um ato irresponsável, que derruba de forma leviana, e por questões políticas, o legado histórico do disque denúncia” em preservar o anonimato dos denunciantes.
“Coração trabalhador?”
Na Assembleia Legislativa, quem levou o assunto ao Plenário foi o deputado Cabo Bebeto, também egresso da Polícia Militar. Ele afirmou que o governador cometeu uma “arbitrariedade oportunista” com a prisão dos militares: “É lamentável chegar a esse ponto, onde uma ocorrência da polícia se tornou política. Essa prisão foi lamentável, oportunista e injusta”.
“Se houve algum erro cometido pelos PMs que seja aberto um procedimento e se apure, mas prender de forma abrupta não. Que fique claro que não vou passar a mão na cabeça de quem bate em mulher, nem de policial que prevarica, de jeito nenhum. Mas vamos ser coerentes pois tirar a liberdade de alguém é algo muito grave. Aquele que falou do coração trabalhador, não mostrou um bom coração e prendeu dois trabalhadores.”, desabafou.
“Essa interferência do Governo foi negativa, desproporcional, desleal e injusta. Sempre tive uma boa relação com o governador, mas essa atitude com os PMs foi covarde”, completou Bebeto.
Em aparte, o deputado Silvio Camelo, líder do governo, defendeu que o Governo de Alagoas “tem mostrado que a Segurança Pública nos últimos meses tem combatido a criminalidade e a violência” e disse esperar que o caso sirva de exemplo para que outras pessoas não pratiquem violência contra a mulher.
Também em aparte, Ronaldo Medeiros lembrou que a prisão ocorreu porque os policiais militares em questão teriam interferido na ocorrência.
Por fim, Fernando Pereira concordou com a fala de Bebeto, criticando a prisão “indevida” dos policiais e ironizando a atenção dada pelo governo de Alagoas às mulheres.
“Quando o líder do Governo fala da atenção do Governo com as mulheres do Estado de Alagoas nós bem sabemos que é tudo “migué”, tudo conversa. Se o governo tivesse ação assim como a de prender os PMs para tratar da saúde das mulheres, elas não estariam morrendo”, destacou, se referindo aos atrasos de pagamentos devidos a hospitais conveniados.