Ela fez história e abriu as portas para outras mulheres alagoanas se candidatarem e conquistarem as prefeituras alagoanas

Foi o município de Água Branca, que teve o privilégio de eleger a primeira mulher prefeita no estado de Alagoas, América Torres. Após 36 anos da Instituição do Direito ao Voto Feminino no Brasil, essa mulher fez história e abriu as portas para outras mulheres alagoanas se candidatarem e conquistarem as prefeituras alagoanas.

América nasceu em Água Branca, em 10 de novembro de 1905, e desde cedo demonstrou sua determinação e habilidades. Ela se destacou em sua comunidade como professora primária e diretora do Grupo Escolar do município, demonstrando sua paixão pela educação e pelo progresso de sua cidade natal.

América tinha a política correndo nas veias. Ela era neta do Barão Joaquim Antônio de Siqueira Torres, que desempenhou um papel crucial na política da região.

Em 1965, América deu um passo corajoso na política, sendo eleita prefeita de Água Branca, um cargo tradicionalmente dominado por homens. Durante seu mandato, que durou de 1966 a 1970, ela governou com determinação e estabeleceu relações positivas com outros políticos do estado.

A família ainda possui seu discurso de posse. Nele, ela diz estar alegre pela votação expressiva de 1.367 votos e preocupada por ver recair sobre seus ombros pesadas responsabilidades.

“Não pouparei esforços para governar respeitando as leis, arrecadando, aplicando honestamente os dinheiros públicos e trabalhar com amor, justiça e honestidade, dando o que de melhor tiver para servir nossa querida terra”, relatou América.

Sua eleição como prefeita representou uma quebra de preconceitos e a abertura de oportunidades para as mulheres de sua época. Ela enfrentou desafios, mas sua coragem e determinação a levaram a se tornar uma das mulheres mais extraordinárias de Alagoas, como descrito por Divaldo Suruagy no artigo “A Matriarca”, publicado no jornal. Suruagy foi prefeito da capital Maceió na mesma época e demonstrou no artigo o carinho e admiração pela mulher e pela política que era América.

“América Torres, no decorrer da sua longa vida, exaltou, como poucas as virtudes e a nobreza do caráter da mulher alagoana. Ela continua presente em cada habitante e nas pedras centenárias das ruas de Água Branca”, escreveu Divaldo Suruagy.

A ex-prefeita deixou um legado duradouro, e sua casa colonial, conhecida como Casa Rosa, é preservada pela família até hoje. O local é agora um “Lar de Acolhimento” que guarda relíquias da história dessa mulher pioneira, além de receber hóspedes e familiares que visitam o município de Água Branca.

 

A sobrinha de América, Stela Torres, destaca a influência e a autoridade de “Bei”, como era carinhosamente chamada, não apenas na política, mas também na vida das pessoas em sua cidade natal.

“Minha tia e madrinha Béi, bem antes da Dona América que apaziguava famílias, que exercia uma autoridade de matriarca, mas que não se continha no olhar cheio de afetos por todos”, afirmou.

A contribuição de América Torres é uma importante memória para a política de Alagoas e para a igualdade de gênero no Brasil.